quinta-feira, junho 29, 2006

Heróis do mar, nobre Povo, Nação valente, imortal?



Devo dizer que chegar a este pais, autodepressivo por natureza, onde até o som da lingua das gentes que falam nas ruas é soturno, com uma das maiores taxas de consumo de antidepressivos da Europa (ou será mesmo a maior?) e ver todas as janelas ataviadas com bandeirinhas com a esfera armilar e o escudo, tudo quanto é publicidade a aproveitar o rectangulo verde e vermelho para vender seja o que for, desde comida para periquitos a empréstimos para compra de habitação (já para não falar nos autocarros da Carris decorados com uns cornichos, ie bandeira da carris, bandeira de Portugal e com o dizer Carris apoia a selecção a alternar com o destino para Chelas, Moscavide ou Senhor Roubado), numa recuperação do espirito do Euro 2004, que teve piada precisamente porque surgiu de forma espontânea e inesperada, é em si mesmo algo deprimente. Mas atenção! Não me interpretem mal! Apesar de não ir muito à bola com o futebol, vibro tanto com qualquer jogo da selecção nacional como qualquer tuga em qualquer canto do mundo e este desabafo não pretende de forma alguma ser um mau agoiro para o jogo de amanhã. Tenho é pena que esta Nação só se sinta como tal à custa de cromos da bola.

quarta-feira, junho 28, 2006

Quer dizer...


Humberto Borges ©

...anda uma gaija quase mês e meio toda laroca, de mangas cavas e tal e coiso, desde que se levanta até se deitar, a curtir umas noites de calorzinho porreta capaz de deixar qualquer almazinha feliz para chegar a este pais, jardim à beira mar plantado como pirosamente lhe chamam, e levar com um frio nas ventas, de enregelar até aos ossos, que mais parece estarmos em final de época balnear do que propriamente a começa-la e ter que atirar com as sandaluchas, os tops, os vestidinhos de alças e as mangas cavas todas de volta pró armário?!?! Mas isto faz-se?!? Raios partam o efeito estufa mais o aquecimento global da terra que pelos vistos estão em todo lado menos aqui, pá!

segunda-feira, junho 26, 2006

Os garantizo



É oficial! Depois de 5 semanas de desvarios gastronómicos, a Bolota conseguiu trazer para casa uns bons cinco quilitos a mais, umas coxas em concorrência severa e desonesta com qualquer muñeca do Botero, uns braços que mais parecem pernas de anoréctica e deixar a cinturinha de vespa que sempre a caracterizou perdida algures entre uma caña con limón y un pincho de tortilla. A porra do lado bom da vida que tem sempre o seu senão, que caraças!

segunda-feira, junho 19, 2006

Na hora da despedida



A Gran Via sempre foi uma avenida que me impressionou. Pela sua majestosidade. Muito mais que os Champs Elysees, Oxford Street ou a 5ª Avenida. E sempre pensei que o Fritz Lang se terá lembrado de fazer o Metropolis depois de se passear por esta via madrilena. A Bolota, além de rabina é também uma gaija cheia de sorte. Um mês hospedada à pala em plena Gran Via nao será para todos. Agora, que a cidade lhe começa a fugir das maos, quando a avenida se mantém indiferente a tudo e segue o seu ramram diário, quando o sol se poe, encarniçando os edificios que, apesar de grandiosos, a acolheram como sua, quando o transito invade cada esquina, com buzinas a fazerem-nos lembrar o buzinao da 25 de Abril, quando tudo se mantem cheio de gente apressada e que a correr entra e sai das lojas e dos comes e bebes numa imensa algazarra, preparando-se para o partido Espanha - Tunisia, a Bolota sente finalmente em si o seu lado mais português e uma enorme saudade disto tudo começa a invadir-lhe cada poro e a apertar-lhe o coraçao...

O SIM




Ontem foi um dia importante para a Catalunha. 73,9% dizeram Sim ao 3º Estatut de Cataluña referendado.
El texto del Estatut aumenta las competencias catalanas e incluye el calificativo de 'nación' en el preámbulo aunque se define como una 'nacionalidad' en el articulado.
Bem sei que apenas votaram 49,4% dos catalaes mas mesmo assim. Um grande passo para a tao ansiada independencia? Sobretudo se nos lembrarmos que se trata de uma regiao onde a lingua oficial e o catalao e se propoem nivelar o ensino de castelhano ao do inglés.


Que este pais era aficionado severo das drag queens já tinhamos percebido. Bastava estar atento aos filmes do Almodovar. Por isso mesmo, um dos locais a nao perder nesta cidade é o Gula Gula, restaurante de buffet, onde de repente as luzes se apagam dando lugar ao I will survive da Gloria Gaynor e eles entram, de lantejoulas e plumas vestidos e com coxas e rabos capazes de fazer inveja a muita de nós. Hilariante! Desta vez nao fui. Mais uma razao para cá voltar.

Ainda sobre Picasso





Sabiam que o pintor malagueño se entreteve a fazer replicas cubistas de Manet, Velásquez, Goya e outros tantos? Eu nao.

Tinha-me esquecido de vos dizer



No passado dia 13 tive direito a fogo de artificio. Nao fazia ideia mas aqui nesta cidade comemora-se o Santo António. Ok. Nao com o colorido e festa brava dos bairros de Alfama, Bica, Graça ou Madragoa. Aquí a festa circunscreve-se ao Paseo de la Florida, onde no fim se encontra a Ermita de Santo António de la Florida, onde repousam os restos mortais de Goya. A cupula da ermita encontra-se decorada por frescos representando um episódio da vida do santo casamenteiro, pintado pelo próprio Goya. Estes gaijos sempre tiveram a mania das grandezas...
Reza a tradiçao que las jóvenes solteras acuden cada año a la Iglesia de San Antonio de Florida en este día tan señalado con la esperanza de encontrar a su media naranja. Dichas jóvenes introducen sus manos en la pila bautismal, que alberga gran cantidad de alfileres (alfinetes) sumergidos en el agua. El objetivo es que quede clavado alguno en las palmas de sus manos como mensaje claro de la llegada de un amor.
Aqui à Bolota, parece um esforço demasiado grande (e muito pouco higiénico) para um propósito tao prosaico.

Ni de broma!



No centro de Madrid existe uma rua onde sapatarias, Mac Donalds, esplanadas e lojas de chineses convivem pacificamente com prostitutas. Chama-se Calle de Montera. Juro!

Calle 30



Apesar do encanto que esta cidade tem, há que dizer que presentemente mais parece um... estaleiro! Sao obras por todo o lado. Infindas. Moncloa, Principe Pio, Antón Martín, Carretera de Extremadura, Callao, El Retiro, eu sei lá! Mas a maior de todas é sem dúvida a da M 30, circular de Madrid com 30 km no total. A obra, ali perto da Ponte de Segovia, implica o desvio do caudal do pobre do Manzanares, com a própria da M 30 a passar por baixo do próprio do rio, com promessas de aproveitamento das margens do rio para cafés y terrazas (helas!!), trabalhos 24 horas por dia, 7 dias por semana, unica forma de garantir a re-eleiçao em 2007 do actual alcaide de Madrid. Quem por ali passe, acreditará que a ETA rompeu de vez com o processo de paz ou que a guerra civil voltou a Espanha. Com isto tudo resta-me a convicçao que tenho que cá voltar daqui a 2 anos porque a cidade será, toda ela, nova!

Anímate



No metro de Madrid é comun ver o seguinte anúncio:
Donacion de óvulos
Anímate y llamanos para pedir información.
Madrid T 900501458
donantes@ivi.es
Equipo Ivi

Ao que parece, por cada óvulo donado pagam cerca de 600 €. Ao que parece também, todos os meses deito fora 600 €...

quarta-feira, junho 14, 2006

Espanha - Ucrania



Desde que aqui cheguei que noto nesta gente um certo descrédito pela selecçao espanhola. De tal ordem, que o El Corte Inglés promete, se a selecçao ganhar o mundial, oferecer de regalo todos os electrodomesticos comprados numa de sus tiendas. Mesmo assim, o povo hoje passeou-se orgulhosamente de camiseta da selecçao vestida. Pela primeira vez, foram mais que as camisetas da seleçao portuguesa...

Oh gente, por amor à santa...

Em Madrid abundam as discotecas espanholas, com música espanhola como rainha da noite, onde o povo desata a sapatear e bater palmas ao um primeiro acorde de um flamenco arejado e modernizado. La Cartuja, Mona Lisa, Samsara...

Pois...

Oh memoria, enemiga mortal de mi descanso.

Cervantes
Don Quijote

É um facto constatado!

Este povo nao fala, berra! Ostia!

La mas grande



Como sabem a eterna Rocio Jurado faleceu no passado dia 2 de Junho, aqui em Madrid, na sua casa de La Moraleja, zona pija por excelência. Se a cabeça não me falha, o enterro deu-se no Domingo seguinte, naquilo que foi quase um luto nacional, com todas as vedetas da prensa rosa a desfilarem num interminável beija mão à familia da falecida, marido e filha inconsoláveis. Porque estas coisas há que chorá-las bem choradas, hoje houve missa pela alma da senhora na Catedral de la Almudena, aqui em Madrid. Dia 16 haverá outra em Cartagena-Murcia. Dia 17 outra em Miami. Dia 22 outra em Cádiz e dia 30 outra em Sevilha. Parece-me um exagero e mais se parece a uma tournée da defunta. Mas pronto. Em Roma sê romano e esta gente tem a minha empatia neste momento de perda.

terça-feira, junho 13, 2006

Que coñazo!!

EL SÁBADO 10 DE JUNIO LOS CICLISTAS URBANOS DE MADRID SALEN A LA CALLE EN LA 3ª MARCHA CICLONUDISTA MADRILEÑA, RECORRIENDO DESNUDOS EL CENTRO DE LA CIUDAD PARA SIMBOLIZAR LA FRAGILIDAD DE SU CARROCERÍA: -NOS SENTIMOS DESNUDOS ANTE EL TRÁFICO-. UNA MARCHA POR UNA CIUDAD MÁS HUMANA, RECLAMANDO JUSTICIA EN LAS CALLES.

E logo neste dia é que eu resolvi ir até Aranjuez!! É que deve ter sido lindo ver esta gente toda a desfilar desde a Plaza de Cibeles hasta la Plaza de España!!

A cidade perfeita!

Terrazas todo el año
El Ayuntamineto prepara una normativa para fomentar que los 2.500 veladores de Madrid permanezcan abiertos en invierno.

Tomar una caña, un vermut o un pincho en una terraza es uno de los deportes favoritos de los madrileños. (...) El año pasado el gobierno municipal contabilizó 2.335 terrazas en la capital.

El Pais
Domingo, 11 de Junio 2006

Eu nao vos dizia?

Ligar o no ligar, eis a questao

Em castelhano o verbo ligar tem um significado bastante distinto do português. Nós usamo-lo de forma indistinta e descontraída para conversas telefónicas, num inocente "Eu ligo-te" ou "Liga-me" ou para dizer que uma coisa está unida com outra. Nada de transcendente, portanto. Aqui não. Aqui toma-se o significado de qualquer coisa unida a outra na verdadeira acepção da palavra e chicos y chicas solteiros, casados, con o sin novio/a, divorciados o lo que sea salem para... ligar. Ou seja, quando sales de marcha e algum tio mete conversa contigo dizendo-te à descarada que está intentando ligar, está simplesmente a ver se uma mera conversa de Hola! Que tal? Como te llamas y no se que poderá levar a uma posição conjunta na horizontal. Ou na vertical, les da igual! Devo dizer que este sentido pratico e directo de nuestros hermanos não deixa de me agradar...

Portugal-Angola em La Latina, Madrid



Delic, um bar em pleno barrio de La Latina a tope de gente (ie, a rebentar pelas costuras), com o calor useiro e veseiro de Madrid. Mojitos servidos a 7 euros e os melhores postres do barrio. A Bolota de olhos pregados à pantalla para o primeiro derby da selecção lusa neste campeonato de futebol do mundo. Com um brilhozinho tal nos olhos que não foi difícil aos tios acercarem-se com um original "Eres de Portugal, verdad?".
Ok. O jogo não foi grande coisa. Mas visto no estrangeiro e com os parabéns todos que me deram no final foi outra coisa!

De puta madre!



Hoy no me puedo levantar
el fin de semana me dejó fatal
toda la noche sin dormir
bebiendo, fumando y sin parar de reír

Lai, lai, lai, lai...
Musical do ex-Mecano Nacho Cano, com músicas dos próprios Mecano. Os Mecano eram aquela banda espanhola dos anos 80 com uma pinta algo futurista, estilo Duran Duran, grandes responsaveis pela La Movida de Madrid e que tinham umas músicas pop daquelas que nos ficam no ouvido num instantinho, os acordais?
Pues, el musical está muy divertido, entretenido, cojonudo... De puta madre, eso es! Enfim, aquilo que os Xutos gostariam de ter conseguido com o insípido Sexta-feira 13...
En cena na Gran Via. Do outro lado da mesma via encontra-se em cena o Mamma Mia com as canções dos Abba todas cantadas em castelhano...

domingo, junho 11, 2006

Atocha, Madrid



Viagem de comboio até Toledo. O embarque faz-se como se de um aeroporto se tratasse. Com o mesmo aparato de segurança e controle. Porque o 11 M nao se esquece assim tao facilmente...

Plaza de Lavapiés, Madrid



O centro nevralgico do barrio mestizo de Madrid. Aqui, castizos, Manolos y Marias misturam-se com emigrantes do norte de Africa, América Latina e Ásia. Certamente os mesmos que ao Domingo de tudo vendem no Rastro, feira da ladra mesclada com feira de Carcavelos cá do burgo.

O Guernica em Madrid



Curioso. Quando o vi pela primeira vez há uns anos pareceu-me enorme, imenso. Desta vez, nao. Será porque entretanto cresci e as coisas à minha volta parecem mais pequenas? De qualquer forma, numa altura em que se comemoram os 25 anos sobre a devoluçao a Espanha do bélico de Picasso por parte do MOMA de Nova Iorque, a exposiçao conjunta do Museo Reina Sofia e Museo del Prado é em si mesmo imponente. Sabiam usteds que Picasso foi, ele próprio, director do Museo del prado, sendo responsavel pela exportaçao temporária de uma série de obras durante a guerra civil salvando-as assim dos bombardeamentos que se abatiam sobre Madrid? Eu nao.

Monasterio de las Descalzas Reales



Onde, em pleno Madrid, 30 freiras franciscanas seguem regras de silêncio e pobreza, cultivando couves e árvores de fruto sob a vigilia das torres do El Corte Inglés e da Fnac, atentas desde a Plaza del Callao. Mundo de contrastes este, hen?

Uma tarde de touros



O grande evento da semana passada em Madrid não foi de forma alguma a morte da eterna Rocio Jurado (agonizante há semanas, pobrecita, en su casa de La Moraleja. Ela e o povo espanhol. Aliás devo dizer que nos primeiros dias que aqui estive pensei que os noticiários fossem todos feitos em directo à porta de casa da grande cantante). Ni siquiera as ideias peregrinas de Zapatero em condescender mais autonomia ao Pais Basco, Catalunha e restantes comunidades de Espanha. E muito menos o concerto dos Red Hot Chilli Peppers (nome que, pronunciado com o inigualável sotaque castelhano, me vi aflita para entender dificultando-me à brava a tarefa de perceber o porquê de tanta gente em torno do Palacio de Deportes numa Sexta-feira à noite). Naaaaaaaaa. O verdadeiro evento da semana passada foi a ida da Bolota a uma tourada! Ah poisé! Há várias coisas a considerar para se reconhecer a importância deste evento:
1 – A Bolota é ela própria Touro, sendo muito provável que lhe desse volta ao estômago assistir à matança pública do bicho.
2 – A Bolota nunca tinha ido a um evento deste género sendo que percebe népias de tauromaquia.
3 – A Bolota estava com uma ressaca descomunal da noite anterior e em vez de andar, arrastava-se. Com grande dificuldade.
Ora bem, a festa na Plaza de las Ventas começa cá fora, com as bancas de venda de comes e bebes, bandeiras da (ainda) nação espanhola atravessadas por touros negros como o touro Osborne que nos habituamos a ver por essas planícies espanholas fora, vestidos de sevilhanas, touros em peluche, leques e tudo o mais que seja ícone vendável espanhol. Famílias inteiras, turistas e aficionados vão chegam e distribuindo-se pelas bancadas engalanadas de bandeiras vermelhas e amarelas, de acordo com o preço das entradas. Os mais aperaltados, de onde se destaca o espanhol típico de fato claro e cabelinho empastado, repuxado para trás com toneladas de gel (ou será ainda brilhantina?), acompanhado de su señora com roupagens acabadinhas de sair das tiendas da Calle Serrano, acomodam-se nos lugares mais próximos da arena. Os aficionados, munidos de bocadillos de jamón e garrafões de vino y sidra na andanada, cá para cima, muito mais longe da arena. Tal como a Bolota, claro, que isto não custa muito dar 7 € por uma coisa destas já não se podendo dizer o mesmo dos 150 € dos melhores lugares. Bom, abreviando, tive a sorte de me sentar ao lado de um senhor de um pueblo da Extremadura, fascinado por Portugal, já muito batido nestas andanças e que me fez o favor de me explicar tudinho mas tudinho sobre o que se passa numa corrida de touros. Agora sei perfeitamente que tudo começa com o capote, seguido do picador, a cavalo, vindo depois as banderillas e terminando com a muleta e a espada, quando se mata o desgraçado do touro (devo dizer que me identifiquem bastante com o pobre do bicho, lutando até à última...). Acho que é assim... Ao que parece, há uma crise de toreros y ganadero em Espanha e a corrida não foi muito boa. Dois touros, de tão maus que eram, foram directos pró curral. Mas mesmo assim parece, pelo que me disseram porque, como já referi, percebo népias do assunto, que assisti a um bom touro e a um bom toureiro. De facto, assim pareceu quando no fim, o povo todo se levantou de pañuelo blanco na mão acenado para o presidente da corrida para que fosse dada a orelha do porco, desculpem, do touro ao toureiro, que de orelha na mão dá uma volta à praça, agradecendo os aplausos de um publico em absoluto êxtase. Não estaremos muito longe dos tempos do circo romano, dirão vocês… Espectáculo verdadeiramente bizarro, vos digo eu. Mas digno de se ver, pelo menos uma vez na vida. Nem que seja por uma questão cultural e para tentar perceber melhor este povo. Além que depois de uma boa tourada as tabernas madrilenas servem os melhores pratos de Rabo de Toro do pais.

sexta-feira, junho 09, 2006

Oviedo por um canudo



No outro dia pegaram na Bolota e enfiaram-na num aviao até Oviedo, Asturias para uma conferencia de gestores sanitários (nome que em português nao deixa de ter a sua piada, convenhamos...). Toda a gente me disse que iria gostar muchisimo de Oviedo, terra natal de de Doña Letizia, porque é muito bonito e tal e coiso. Pois de Oviedo a Bolota viu...zero! Cheguei lá, espetaram comigo num restaurante onde iria decorrer a conferência (só esta gente para se lembrar de fazer uma conferencia num restaurante...) e às onze da manha estava a comer tapas asturianas acompanhadas de sidra. A conferencia propriamente dita durou hora e meia, tanto quanto havia para dizer sobre parcerias publico privadas na construçao e gestao do novo hospital universitário das asturias, e seguiu-se directamente para o almoço, que incluia o seguinte:
Ensalada Mezclum de Cigalas y langostinos
Cazuelita de Fabada (embutidos incluidos)
Mero del cantábrico al Aroma de Manzanares
Helado de Turrón de Diego verdú Mini Carbayones
Cafes y Licores Reserva
Vino Tinto Montecristo Reserva 2000
Vino Blanco Enate 2-3-4 (no tengo ni ideia de que porra isto quer dizer!)
Depois do almoço, que durou 3 horas (pudera!), meteram-me no aviao de regresso a Madrid y ya está! Do dia, pude tirar várias conclusoes: nao sei como raio a consegeria de asturias se propoe pagar, em 28 anos, os 165 milhoes de euros de emprestimo que ira contrair junto da banca para a construçao do dito hospital (pelos vistos a politica do ultimo que feche a porta nao e pratica exclusiva do nosso pais). Com tanto tempo dedicado a comer durante o tempo normal de trabalho nao sei como este pais consegue ter indicadores economicos tao melhores que os nossos. A comer desta maneira, es seguro que a Bolota regressará bem mais rellenita, com uns bons 5 kgs a mais...no minimo! Irra!!

quinta-feira, junho 08, 2006

Chueca, Madrid



Monólogo em cena num dos bairros com mais marcha de Madrid (muita marcha gay, é certo...). Sobre sexo, como se adivinha. Medos, receios e ignorância de todos nós. Bastante divertido. Sobretudo quando a Bolota teve que subir ao palco e explicar a uma plateia inteira e em castelhano onde fica o ponto G dos homens...

Plaza de la Paja, Madrid



Uma das coisas que Madrid tem de agradável para uma pessoa como a Bolota que adora andar a saltar de esplanada em esplanada, sao as inumeras plazas que tem, escondidas aquí e ali, todas muito bem postas com as suas incontáveis terrazas. Descobri entretanto uma coisa estupenda que é a cerveja con limón, que nestes dias de calor insuportável sabe fantásticamente, sempre acompanhada por um platito de patatas fritas o de aceitunas. Sim, porque aquí qualquer copa se faz acompanhar, sempre, por algo para picar, sem por isso se cobrar mais. Tal hábito tem a enorme vantagem de tomarmos umas quantas copas, mantermos a compostura, porque sempre vamos intercalando bebida com comida, e poder passar à terraza seguinte. Esta gente sabe como fazer as coisas e juro-vos que eu, com a minha devoçao ao ócio, me ficava por aquí num santiamém...

segunda-feira, junho 05, 2006

Madrid, Domingo, 36 graus



Madrid, como sabem, nao tem praia. Nem sequer um rio que mereça tal nome. O Manzanares por mais que se esforce nunca chegará a tamanho epipeto. Nao havendo praia e numa cidade de 7 milhoes de habitantes e mais uns quantos turistas, perguntarao voces o que fazem as pessoas num dia de Domingo em que uns 36, 38 graus nos assam o corpo? Bem, nao sei o que exactamente farao os tais 7 milhoes. Mas muitos dos madrilenos tratam de curtir a cidade. Só isso. Seja a visitar museus, que sao muitos e que nestas alturas até têm a vantagem de estar fresquinhos, seja a beberricar cervejas, horchatas ou granizados nas várias terrazas, seja a passearem-se pela feira do livro de Madrid, onde Vargas Llosa e Saramago esgrimem autógrafos, seja em tabernas bailando, cantando e comendo tapas acompanhadas de mojitos e chupitos de pacharan, seja estendidos na relva dos vários parques que a cidade tem, El Retiro incluido, ora bronzeando-se ao sol (e vêm de toalhas de banho, fatos de banhos e protectores solares e tudo), ora dormitando à sombra com os pássaros por banda sonora. E lêem. Muitissimo. Jornais, revistas, livros e folhetos publicitários. Tudo.
A praia parece nao lhes fazer falta nenhuma. Há quem me diga que muitos se metem em atascos nos 300 km que distam até Valencia, onde se encontra a praia mais próxima. Mesmo que assim seja, sao muitos os que por cá ficam a gozar a cidade só pelo que ela tem para oferecer. Como sabem, tenho uma adoraçao sem paralelo por Lisboa. Mas semprei achei que um dos males da nossa cidade é o facto de ter praias por tao perto, que a leva a esvaziar-se por completo, a nao investir em si mesma e numa vida urbana-cultural mais plena.

Para a loira

No soportamos que nuestros allegados no estén al corriente de nuestras penas, no soportamos que nos sigan creyendo más o menos felices si de pronto ya no lo somos, hay cuatro o cinco personas en la vida de cada uno que deben estar enteradas de cuanto nos ocurre al instante, no soportamos que sigan creyendo lo que ya no es, ni un minuto más, que nos crean casados si nos quedamos viudos o con padres si nos quedamos huérfanos, en compañía si nos abandonan o con salud si nos ponemos enfermos. Que nos crean vivos si nos hemos muerto.

Javier Marías
in Mañana en la batalla piensa en mí

sábado, junho 03, 2006

Chocolate con churros



Há algo em Madrid que diz mais sobre Espanha e sobre os espanhois do que qualquer Plaza de Toros, Gaudí, tapas, Prado, flamenco ou Picasso. A Chocolateria San Gines, no Pasadizo San Gines, cerquita, cerquita de la Plaza Mayor. Aberto quase 24 horas por dia a servir chocolate con churros e a fazer mais pelo cansaço de qualquer um que tenha passado a noite de juerga do que qualquer cachupa ali ao Poço dos Negros, em Lisboa. Que outro pais senão este, tão entregue ao hedonismo, se lembraria de algo assim?