sexta-feira, dezembro 29, 2006


Humberto Borges ©

De cada vez que os via a brilhar no céu não conseguia conter-se e as lágrimas rolavam-lhe cara abaixo. De alegria. De alegria por ver o céu assim, iluminado, cheio de luzes e cores. Do negro tornado luz. Do barulho, do inesperado, da expectativa. O coração pulava-lhe garganta fora, as mãos batiam palmas de excitação, dava pulinhos e soltava risinhos de contentamento. As pessoas à sua volta riam-se dela e perguntavam-se se estariam perante um corpo de adulta com uma idade mental de 5 anos. Coitadinha, pensariam, enquanto ela se mantinha indiferente, não se importando uma raspa. Não havia nada que pudesse fazer para o conter. Das muito poucas certezas que tinha na vida, esta era uma delas: um fogo de artifício havia sempre de a encher de uma alegria extrema.

A todos vocês, que sabem que vos adoro, façam-me o favor de agarrar bem este 2007 que se aproxima!

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Gaijos que não me importava de ter a passearem-se cá por casa



Daniel Craig

Quero lá saber que toda a gente ande para ai a dizer que foi um mau casting pró último 007 e o raio! Este gaijo é um bom casting em qualquer lado, cruzes! Quase que me levava a ver o filme...

quarta-feira, dezembro 27, 2006

domingo, dezembro 24, 2006

Um óptimo Natal!



Isto é uma das árvores de natal que enfeitam a Praça do Município em Lisboa, fotografada por baixo. Lembrem-se, há sempre uma perspectiva diferente de vermos as coisas. Um óptimo Natal para todos!

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Gaijos que não me importava de ter a passearem-se cá por casa


Roman Duris

Principalmente em noites de insónia! Irra...

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Até agora...



...o postal de Natal mais giro que me veio parar às mãos! Parabéns, Sofia!


Adoro esta cidade de Lisboa. Sabem bem disso. Gosto de sair à rua e de sentir como meu bairro, lugares por onde as pessoas passam a correr e em nada reparam ou para onde outros se deslocam de propósito, em férias. Adoro aqueles clichés todos que faz de Lisboa uma cidade única. A luz, os eléctricos, os cantos e recantos, o espraiar calmo do rio, as gentes etc, etc. Mas como toda a relação amorosa, temos os nossos momentos de conflito. Extremo, às vezes. Esta época natalícia é um deles. Zango-me seriamente com a cidade e amuo. Acho que Lisboa nesta altura do ano vira puta. Além de parecer uma rapariga da rua com o excesso de enfeites natalícios (dos quais até gosto, diga-se), a cidade abre-se descaradamente a quem a rejeitou durante todo o ano, deixando aqui entrar todos aqueles que, refastelados no suposto conforto dos arredores, levam o ano a bramar o quanto a detestam mais à sua confusão e o quanto lhes seria impossível viver aqui. Guiados pelo consumismo mascarado de espírito natalício, e aproveitando para fazer um programinha e ver os ditos enfeites, passeiam-se pela cidade enchendo as zonas mais carismáticas como se estivéssemos permanentemente à saída de um estádio de futebol em época de campeonato europeu. Locais antes aprazíveis tornam-se insuportáveis, as lojas que nos receberam durante todo o ano mostram-se estrangeiras, aqueles que reconhecemos como sendo os nossos bares e restaurantes abarrotam-se de jantares de empresa e do amigo secreto, com gente de chapéu de pai natal na cabeça e copo de vinho na mão, já meios toldados. Isto para não falar na porra da árvore do Terreiro do Paço (que também gosto, diga-se, como aliás gosto de tudo que meta luzinhas) que, com a capacidade que tem para atrair saloios, de máquina de filmar ou de fotografar em punho, consegue encalacrar o transito todo da cidade a partir das 18 horas em dias de trânsito fácil, fazendo com que um trajecto de 10 minutos demore uns bons 55. Deve ser algum castigo que nos é infligido por capricho dos tais que criticam a cidade todo o ano e que demoram bem além de 55 minutos por dia a vir dos seus pacatos arrabaldes para aqui ganharem o pão. Bom, a confusão geral é de tal ordem que só nos apetece fugir da nossa própria cidade, correr para o sossego do lar, trancar bem a porta e só voltar a pôr o pé na rua lá para meados de Janeiro. De preferência depois dos saldos.
Lisboa, se fosse uma rapariga digna e honesta, ou até mesmo puta, mas puta fina, nesta altura do ano fechava os acessos e reserva-se de amores para aqueles aqui vivem todos os dias do ano, que a acarinham e que lhe tentam dar alguma vida.

Pas mal, pas mal...

Já se sabe. Nesta altura do ano começam a chover mensagens de Boas Festas. No outro dia recebi uma engraçada. Reza assim:
This is a toast to us ladies for 2007. For the men who have us, for the losers who had us and to the lucky bastards who will still meet us.

Sem querer parecer uma daquelas feministas arreigadas, tá giro, tá giro!

terça-feira, dezembro 19, 2006

Damn Aussies!



No outro dia recebi um sms de um amigo meu, australiano, de Sidney. Estava exultante porque se encontrar finalmente a viajar pela velha Europa, local de onde lhe veio a linhagem russa, estando agora na Alemanha, nem sei bem onde, histérico com os festejos de um Natal invernoso, coisa que nunca teve oportunidade de viver. Demasiada emoção para uma pessoa só, sem dúvida. No meio da sua excitação, desafiava-nos a nós, os amigos europeus, espalhados entre Portugal, Suiça, Áustria, Espanha, Hungria, Inglaterra e Holanda, a irmos ter com ele até à Alemanha, como quem vai ali até ao Porto e volta ou, na impossibilidade disso, de nos encontrarmos todos algures a meio caminho nesta Europa comunitária. Sugestão decerto fomentada não só pela ingenuidade típica australiana mas também por uma noção bem diferente de espaço e distâncias. Claro que nós, os europeus, lhe dissemos para ir dar banho ao cão aproveitando para passar ali pelo bilhar grande, que queríamos era ficar sossegados nos nossos cantinhos (aka países), qual agora estar a fazer quilómetros para tomar um café! E assim o pobre do Dave há-de regressar ao seu pais continental, de onde lhe levou uma vida inteira a sair, sem ter tido oportunidade de estar com qualquer um de nós. Um verdadeiro exemplo de como o meio ambiente em que vivemos condiciona a nossa perspectiva da vida e o modo de fazer as coisas.

domingo, dezembro 17, 2006

Ódios de estimação



Domingo, 21:45. Ligo a televisão e encontro na RTP 1 um publico histérico, a aplaudir de pé a entrada em cena da Catarina Furtado, vestida de prata e com as mamas a entrarem-nos pelos olhos dentro. Igualmente histérica, anuncia a entrada da Sílvia Rato (será?), que se apresenta com um decote até ao umbigo a disfarçar a ausência de mamas.
2:, José Hermano Saraiva no miradouro da Cerca Moura, em Lisboa, histérico, às voltas com a gloriosa Regeneração de Portugal.
Opto pela SIC e dou de caras com outro José histérico, o Herman, vestido de mestre de cerimónias circenses, de camisa azul forte com floreados brilhantes mais a conhecida cabeleira oxigenada, a entrevistar o Fernando Tordo e o Carlos do Carmo, presentes na assistência, perguntando-lhes se estão à espera dos palhaços.
Mudo para a TVI e aparece-me mais um José, o Wallenstein, acompanhado pelo Rui Pregal da Cunha, ambos histéricos, esganiçados e aos saltinhos, a cantar o Uma da manhã, ei! Duas da manhã, ei! das Doce. No final são interpelados por uma histérica e roliça Júlia Pinheiro.
Domingo, 21:47, desligo a televisão e conformo-me com a ideia que deve tratar-se do biblot mais inestético que tenho cá por casa.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

O livro do momento



E o que eu ando a ler, para equilibrar um bocadinho as coisas...

Numa palavra



Excelente!

quinta-feira, dezembro 14, 2006


Humberto Borges ©

Vira-se de repente sem emprego. Assim que o patrão lhe descobrira o romance com o filho e a tomara por uma porca de uma oportunista em busca de mais altos voos do que os prometidos pela simples condição de secretária. Os meses passavam e ela sem trabalho. O medo de se tornar num daqueles sem abrigo que vira todos os dias a caminho do emprego que a rejeitara, espreitava-lhe a cada esquina. Enquanto um novo trabalho insistia em não aparecer, tornar-se uma paixão de aluguer pareceu-lhe o mais óbvio. Até porque sempre gostara de sexo, porque não ganhar dinheiro com isso? Seria ouro sobre azul e apesar de pequenina e redondinha olha, seria como dizem, a mulher é como a sardinha, quer-se pequenina e gordinha. Seria assim? Já não se lembrava.
Achou por bem procurar alguém que percebesse do assunto, que tivesse uma casa montada evitando-lhe preocupações com clientes de estribeiras perdidas e pagadores em hora incerta. Aconselharam-lhe a D. Laurinda, cinquentona mais que batida no negócio da venda de amor de mulheres, e que lhe inspirou confiança precisamente por isso. Por ser mulher.
Do alto do seu corpo entroncado, a D. Laurinda disse-lhe que sim, que até estava mesmo a precisar de uma rapariguita nova e de carnes rixas. “Sabe, é que os clientes são desta casa há muito tempo e uma vez por outra sempre gostam de provar carne fresca” dizia-lhe ela por entre uma gargalhada solta, vinda da boca desdentada e que lhe fazia tremer o corpo todo.
Alguém a preveniu que o primeiro cliente, o Dr. Ambrósio, homem de família, aprumado e de capachinho bem penteado e colado à testa, gostava das coisas feitas devagar, conforme a idade lhe ia permitindo, com muita palavra terna, simulando rios de amor e carinho. Acatou a deixa e depois de uma breve troca de palavras e insinuações, lá subiu com o Dr. Ambrósio para um dos quartos dos amantes. Envolveu-se das maiores canduras e enlevo, pronta a conquistar por breves instantes um coração que lhe disseram doce. Para, surpreendida, prontamente descobrir que o bom do Dr. Ambrósio queria lá saber de falinhas mansas, candura e preliminares. Aquele homem franzino gostava mesmo era das coisas feitas à bruta e foi com um passe de mágica que Vera se viu de repente estirada na colcha de cetim azul, comprada numa qualquer feira de aldeia, com o Dr. Ambrósio montado em cima dela, de tecto às cavalitas, a urrar-lhe aos ouvidos.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

É por estas por outras

Um terço das mulheres que aborta com comprimidos recorre depois a serviços de saúde.

in http://www.publico.clix.pt/

Mais precisamente, aqui:
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1279449

O que se vive é uma perfeita hipocrisia. E em louvor de quê, afinal? Neste caso especifico, os ditos comprimidos são muito possivelmente prescritos por um médico do SNS, sendo por isso comparticipados, e é o próprio SNS que leva depois com os encargos de resolver a situação. De uma forma camuflada, o aborto já é quase legal. É por esta e por outras que oxalá o Sim ganhe a 11 de Fevereiro próximo. Isso e o facto de, se ganhar o Não, termos que levar mais uma vez com a trampa toda desta discussão quando nos quiserem chamar para o 3º referendo. Para já não falar nos custos que um referendo tem para o Estado e ronhónhó...

quinta-feira, dezembro 07, 2006


Humberto Borges ©

Conheço-te os passos e sei a que cheiras.
Adivinho-te as palavras e quase descubro onde vives.
Sei de cor os contornos da tua face
e a que sabe a tua boca.
Sinto o calor que se desprende de ti quando me vês
e o desejo que não conseguirás saciar.
De ti,
por quem espero há uma vida inteira,
sei tudo.
Mas apesar de te sentir assim tão perto,
não te vejo.
Procuro-te com a ansiedade de uma chegada
há muito anunciada.
Busco por ti por entre caras que não conheço,
que nada me dizem.
E não te encontro.
Encontro-me antes a mim,
numa praia fria e nua onde,
por entre as cavalgadas do mar,
ouvirei a tua voz,
que em tempos me foi prometida.
Quando ao de leve me chegares
e tocares na minha mão trémula
e desencantada.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Ganda noia...



O público português tem destas idiossincrasias. Se o artista é ele mesmo uma coqueluche da moda, idolatrado por uma vastíssima minoria (ou não), não interessa o que o artista decida fazer em palco porque parte do espectáculo já está ganho só por o artista estar ali, se ter dignado a visitar o nosso pais e a granjear o público com a sua presença. Foi mais ou menos o que se passou ontem na Aula Magna. Pouco importou que a Charlyn Marie Marshall (aka Cat Power) tenha dado um espectáculo sofrível, garantindo sobriedade, com uma voz que mal se ouvia e umas piadas meio atabalhoadas sobre sapatos portugueses e gente bocejante na plateia. Qualquer coisa seria melhor que o desastroso concerto de há dois anos no Porto, estando o público (que esgotava a sala) rendido à partida e destituído de qualquer sentido crítico pelas razões que já referi. O mesmo público que no final a ovacionou de pé, em êxtase, elegendo-a a ícone dos tempos modernos. Eu por acaso também me levantei. Mas foi só para ver se finalmente se passava alguma coisa de interessante no palco.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Aqui cheira mesmo a Natal!



Avec du vin chaud et du jus de orange au miel...