terça-feira, fevereiro 27, 2007

Pois...


And we'll collect the moments one by one
I guess that's how the future's done
Mushaboom
Feist

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Já esta xenhora nem devia ter ido a votos!


Helen Mirren

Oscaralhinho?



Aproveitar um filme nada extraordinário para premiar uma carreira brilhante, ‘tá mal e não se faz!

domingo, fevereiro 25, 2007


Humberto Borges ©

Adoro os teus olhos, dizes-me.
E eu respondo-te que os meus olhos se tornam
mais ternos por neles te reflectires.

Adoro os teus olhos, repetes.
E eu digo-te que estes olhos
bailam à imagem de alguém tão bonito como tu.

Adoro os teus olhos, insistes.
E eu respondo-te que estes meus olhos
mostram-te a alegria que tenho de estar contigo.

Adoro os teus olhos, murmuras.
E eu respondo-te que adoro estes olhos
que te trazem até mim e te guardam cá dentro.

Adoro os teus olhos, suspiras.
E eu respondo-te que sempre soube
que estes meus olhos só se encheriam de paixão
por quem os adorasse como tu.

Whatí?!?



E vão ter o quê?!? Já não bastava o absurdo que é haver um Dia Internacional da Mulher e ainda temos que levar com isto! Com o alto patrocinio da Cosmopolitan, Caras, Knorr, Palmolive, Persil, Tv Mais, Tele Novelas, Sonasol, Ok Teleseguros, entre outros. Nesses dias vou-me mascarar de homem...

Para duas pessoas muito especiais


20 happy years
Humberto Borges ©

Parabéns!

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Alguém me explica?



Cena caricata presenciada hoje, num autocarro de Lisboa. Entro e estão duas fiscais, devidamente fardadas, identificadas e instrumentadas com um aparelho complicadérrimo de ultima geração para leitura de validade de passes e afins, a explicar pacientemente a uma senhora de meia idade, bem arranjada e composta que, como não tinha bilhete ou titulo de transporte válido para ali andar, terá que pagar uma multa. A senhora, enxofrada, diz que não paga multa, coisíssima nenhuma e que aquilo é uma pouca vergonha. Perante o que é decido pelas fiscais que vamos todos de charola para o Marquês de Pombal local onde, pelos vistos, existe uma central xpto para resolução deste tipo de desacato. Avanço autocarro dentro e que vejo eu? Uma população de passageiros indignados com a senhora de meia idade que, ao contrário deles, não pagou pela viagem que pretendia fazer? Não. Vejo uma população ululante, a lançar impropérios às fiscais, essas fascistas de farda grenat que, em vez de andarem à caça de carteiristas, andam ali a incomodar a vida do desgraçado do pobrezinho que nem dinheiro tem para pagar um bilhete. O motorista, mandatado sei lá eu porque regras da Carris, encosta ali a meio da rotunda do Marquês do Pombal para deixar sair fiscais e senhora de meia idade. Os passageiros insurgem-se contra a infractora por os obrigar a desviar da sua rota? Não. Lançam-se sobre o pobre do motorista, chamando-o de estúpido, parvo e totó, que não tinha nada que parar ali no meio da rotunda atrasando assim a vidinha de cada um. O motorista acata a insurgência e retoma a rota normal da carreira que conduz, parando na paragem seguinte para deixar sair fiscais e infractora. Esta recusa sair. Grita que aqui d’el rei, dali não sai, que não paga nada, que chamem a policia e que aquilo não fica assim, que vai a tribunal e diabo a quatro. Os passageiros perdem finalmente a paciência com a senhora de meia idade, pregando-lhe com dois valentes bofetões, agarrando nela e chutando-a porta fora? Não. Mais uma vez é o motorista a apanhar por tabela por não entender que a senhora dali não vai a lado nenhum, fingir que nada se passou e retomar pacatamente a condução.
Pergunto eu: o que leva o povo a manter-se do lado do infractor, dirigindo um ror de insultos à autoridade? Será por cada um andar, de uma forma ou de outra, a enganar alguém, seja ele o Estado, entidades de serviço público ou privado, o marido ou a mulher, o patrão ou a patroa, a família ou os amigos, o cão ou o periquito e por isso se generalizar um sentimento colectivo de união contra a entidade enganada, seja ela qual for, acossando-a?

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Pois...

O que todos ex-amantes, ex-maridos, ex-namorados, ex-whatever deviam ter coragem de dizer:

You could be happy and I won't know
But you weren't happy the day I watched you go

And all the things that I wished I had not said
Are played on loops 'till it's madness in my head

Is it too late to remind you how we were
But not our last days of silence, screaming, blur

Most of what I remember makes me sure
I should have stopped you from walking out the door

You could be happy, I hope you are
You made me happier than I'd been by far

Somehow everything I own smells of you
And for the tiniest moment it's all not true

Do the things that you always wanted to
Without me there to hold you back, don't think, just do

More than anything I want to see you go
Take a glorious bite out of the whole world

You coul be happy
Snow Patrol

A música aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=JsEDIBUeqZo

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Porque Segunda-feira é 19 de Fevereiro

"Com os anos a morte vai-se tornando familiar. Quero dizer não a ideia de morte, não o medo dela: a realidade dela. As pessoas de quem gostámos e partiram amputam-nos cruelmente de partes vivas nossas, e a sua falta obriga-nos a coxear por dentro. Parece que sobrevivemos não aos outros mas a nós mesmos, e observamos o nosso passado como uma coisa alheia: os episódios dissolvem-se pouco a pouco, as memórias esbatem-se, o que fomos não nos diz respeito, o que somos estreita-se."

do conto Uma festa no teu cabelo.

in Segundo livro de crónicas António Lobo Antunes

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Pudera!

"No momento do orgasmo, a mulher entra em transe. O cérebro desliga-se."

na Sábado. Hoje.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Taxa de participação atingiu os 43 por cento
Aborto: "sim" vence referendo com mais de 59 por cento dos votos
11.02.2007 - 21h30 PUBLICO.PT

Chega finalmente ao fim a discussão entre o Sim e o Não à despenalização da IVG, debate onde o momento alto foi sem dúvida o sketch dos Gato Fedorento ao Prof. Marcelo, aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=Rf-9SqZ6V80

E onde o comentário mais inteligente veio da minha cunhada: voto sim porque o aborto é algo suficientemente doloroso e grave para uma mulher o fazer de animo leve. Se o fizer, é porque é tonta e é melhor não ser mãe de ninguém.

Gramo!



Curto votar e gramo o dia em que o povo é chamado às urnas. Pela razão mais obvia que é o facto de poder fazer uso de um dever cívico, que nos é dado como direito na democracia que temos. Nunca deixei de votar, mesmo que em branco, mesmo que depois o meu voto fosse julgado como abstenção à semelhança dos sostras que nem se dignaram a sair de casa, menosprezando o direito que têm de escolherem e pensarem por si, contrariamente a boa parte da população deste mundo. Depois porque, à excepção da histeria da época natalícia, são os únicos Domingos do ano em que as ruas do meu bairro se enchem de gente. Mesmo quando a abstenção atinge uns vergonhosos 57%, posso nestes dias cruzar-me com os habitantes da minha freguesia e tomar o pulso ao tipo de gente que aqui vive. Novos e velhos, numa azafama ruidosa, para cima e para baixo, no cumprimento orgulhoso de um direito por muitos tomado como garantido.

domingo, fevereiro 11, 2007

Pau pra toda a obra!

Prestadora de serviços técnicos em:
- Estores
- Colocação de cortinados
- Colocação de cofres
- Electricidade
- Pinturas
- Limpezas de casas e escadas
- Desentupimento de sanitas
Etc, etc.


Viaturas móveis 24 horas por dia
Orçamentos Grátis
Preços Normais
365 dias por ano ao seu dispor
Sábados, Domingos e feriados
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Técnicos Credenciados
Resolvemos o que os outros não conseguem
Experimente e verá
Tel:912 694 203/ 961 896 649 24 horas
(O senhor é o meu pastor)

in Folheto de prestação de serviços abussivamente metido na minha caixa de correio
Não vem mencionado mas também fazem exorcismos, purgações e confissões, a par de desratizações e desbaratizações.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Carnaval antecipado

Referendo: PS acusa políticos do "não" de aproveitarem solução que “nunca abraçaram”

in
http://www.publico.clix.pt/

LINHA DIRECTA Esta semana na VISÃO
Uma reportagem choque sobre casos de morte por aborto clandestino,

in http://visaoonline.clix.pt/

Aborto: Ribeiro e Castro diz que despenalização vai levar a "cifras de horror"

in
http://www.publico.clix.pt/

Apenas vitória do «sim» garante mudança na lei
O secretário-geral do PS lançou, esta terça-feira, um forte apelo ao voto no referendo de domingo sobre interrupção voluntária da gravidez, frisando que «apenas» a vitória do «sim» garante a mudança necessária na legislação portuguesa.


in
http://www.tsf.pt/online/portugal/interior.asp?id_artigo=TSF177538

Descubra o que pode acontecer em Portugal no ano em que se comemoram os 90 anos das Aparições de Nossa Senhora em Fátima.
No ano em que se comemora o 90º Aniversário das Aparições de Fátima, Nossa Senhora chora...
... e ela chora por milhares de inocentes que podem perder a vida mesmo antes de dar o primeiro gemido.

in Folheto, devidamente ilustrado com a cara da senhora de lágrimita ao canto do olho, desavergonhadamente metido na minha caixa de correio.

Chiça, tou tão farta desta merda! Não vejo a hora de chegar a dia 12.
Entretanto, os media nacionais regozijam e ululam com o facto de vir ai mais um surto de gripe das aves e assim terem assunto para nos continuarem a massacrar, uma vez passado o referendo ao aborto.

Humberto Borges ©

De manhã cedo, quando bebia a sua chávena de chá sentado na mesa fria da cozinha, tinha aquelas duas figuras orientais a observá-lo. Esparramadas na lata de chá que a mãe lhe trouxera de uma das suas muitas viagens. Imaginava-as a soltarem risinhos parvos enquanto se divertiam com a sua cara estremunhada de quem não lhe apetecia viver o dia. Tinham o condão de o irritar, apesar de nunca se ter lembrado de mudar o chá de caixa e deitar aquelas caras para o lixo de uma vez. Todas as manhãs era aquilo, sendo que hoje encontrava-se especialmente irritadiço. Já se arrependera um cento de vezes por ter convidado a Susana para jantar naquela noite. Escolhera o restaurante mais in da cidade e decidira que por alturas da sobremesa faria aquele número parolo, e que sempre detestara, de esconder a caixinha com o anel de noivado no meio do guardanapo ou algo assim. Tudo muito bem engendrado, sem dúvida. E porquê? Porque já ia sendo tempo. Só por isso. Não porque gostasse da moça por aí além. Nem sequer a conseguia ver como a mulher da sua vida. Disseram-lhe que era assim que as coisas se faziam, pelo que assim as faria. A verdade é que aquela maldita caixa dourada, com uma fita prateada escolhida à presa, lhe pesava como chumbo desde que saíra da loja com ela no bolso, tentando escondê-la, envergonhado. Isso e os milhares que gastara quando finalmente se decidira pelo ouro branco com o brilhante singelo. Susana era uma rapariga singela.
As duas figuras orientais persistiam em olhar para ele. E agora pareciam recriminá-lo por estar para ali feito tonto, imóvel, cheio de medo e receio daquilo que afinal decidira fazer. Arrumou-as no armário e fechou violentamente a porta, esquecendo-se delas até à hora em que à noite se sentou à frente de Susana. Altura em que os risinhos parvos e fininhos lhe chegaram novamente aos ouvidos dando-lhe a certeza que, em vez de ter posto na pequena caixa dourada algo que o comprometeria para o resto da vida, a devia ter enchido de areia que escorregasse pelos dedos de Susana mal a abrisse. Aproveitaria então o pretexto para a convidar para umas férias nas Caraíbas ou algo assim mais simples, cenário ideal para uma paixão que muito provavelmente se esfumaria assim que passassem a marido e mulher.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

quinta-feira, fevereiro 01, 2007


Humberto Borges ©

"Punida com prisão até 3 anos". O cartaz impunha-se defronte de uma montra de roupa laranja. A recordação que Joana tinha daquela tarde não era de todo laranja, animada ou alegre. Do encontro com Miguel, sim. Lembrava-se de ter esmerado na indumentária e de se ter agasalhado com um grosso cachecol laranja numa noite fria de Inverno, em que combinaram encontrar-se sorrateiramente. Lembrava-se ainda do amarelo alaranjado da aliança que Miguel escondera dissimuladamente no bolso do casaco, antes de se sentarem para jantar. E da entrada revestida a veludo laranja garrido da pensão barata para onde ele a levara, com palavrinhas mansas e promessas mil. Para depois daquela noite o laranja rapidamente desaparecer, sendo tudo inundado por um cinza carregado quando se viu de telefonemas recusados e encontros desmarcados. Para a vida se carregar de negro quando meses mais tarde se descobriu grávida de um amor não correspondido, sozinha e esquecida. Para sozinha se encontrar numa sala fria, revestida a azulejos encardidos, com toalhas pejadas de nódoas por companhia. Numa sala fria que alguém lhe recomendara. Como cinza eram os ferros onde pendurou as pernas antes de lhes tirarem aquela amostra de vida de dentro.
"Punida com prisão até 3 anos". Não tinha sido punida por lei. Isso não. Mas ficara amarrada àquelas memórias da vida que decidira interromper, fruto de um engano amoroso. Ia para quase 10 anos que era prisioneira do segredo guardado de um filho recusado. Do sabor amargo do arrependimento do que fizera naquela tarde cinza que nada tivera de laranja e alegre .