segunda-feira, maio 28, 2007

Uuuuuuuuuuuuuuuiiiiindo!



No Sábado passado, na Ponte 25 de Abril. Quem depois demorou mais de uma hora a ir de Alcantara à 24 de Julho não terá achado grande graça, é certo. A organização, num tipico laissez-faire tuga, falhou ao deixar que a malta se deslocasse toda nos seus carros, entupindo tudo que era artéria em Lisboa. Eu cá, fui de autocarro e voltei a pé.

quinta-feira, maio 24, 2007



No passado dia 17 de Maio foi o Dia Mundial da Luta contra a Homofobia. Na rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, é ainda possivel ver este outdoor. Pessoalmente, o meu problema nunca foi o de não os considerar iguais a mim. Foi antes o deles, homossexuais, considerarem-me diferente deles.

quarta-feira, maio 23, 2007

Quadros da minha (curta) vida



Psyché ranimée par le baiser de l'amour
Canova
Louvre

terça-feira, maio 22, 2007


Quando estive do outro lado do mundo, confesso que me provocou um arrepio na espinha ver que as lojas de souvenirs, com todos os artefactos que pudéssemos trazer para casa para nos lembrar-mos da cultura maori e dos loucos dos kiwis, estavam nas mãos de orientais que nem inglês sabiam falar. Lembro-me de na altura pensar que qualquer cultura que, por meio da imigração descontrolada vê os seus ícones comercializados por gentes de uma cultura tão diversa, tem uma sentença de morte ditada a muito curto prazo. Lembro-me também da confusão que me fez ver em Auckland mais asiáticos que propriamente neo-zelandeses e encontrar uma cidade incaracterística, desprovida de qualquer identidade, whatever that is. Eis senão quando na Sexta passada, ao subir a Calçada do Combro em plena Lisboa, pelas 23 horas passo por uma loja onde dois indianos se encontravam em grande labuta nos últimos retoques daquilo que será uma loja de souvenirs portugueses, onde tratarão de vender todo o símbolo da genuína alma lusa. Desde o bom do Galo de Barcelos à figurinha florescente da Nossa Senhora de Fátima, havia de tudo. Podem chamar-me xenófoba ou qualquer outra coisa que agora se chama aos que não são politicamente correctos para tratar imigrantes de toda a espécie nas palminhas. Mas ou a Europa trata de ter uma politica concertada eficaz e apertada de controle de imigração ou dentro de 100 anos este velho continente passará a novo mundo. Bom, também é certo que este velho continente se construiu com base numa multiculturalidade ancestral. Há alguns anitos atrás, é certo. Quando os primeiros povos para aqui vieram. Mas mesmo assim não deixou de ser uma multiculturalidade. E aquilo que hoje presunçosamente chamamos de identidade europeia mais não é senão fruto dos fluxos migratórios ocorridos ao longo de toda a história europeia. Não deixa aliás de ser curioso que aquilo que se reconhece nos dias de hoje como um simbolo português, o Galo de Barcelos, venha de uma lenda sobre, precisamente, a intolerância ao estrangeiro, ao que vem de fora.

domingo, maio 20, 2007



Como muitos sabem, ontem foi o Dia Internacional dos Museus. Os museus de Lisboa fizeram o que puderam para não deixarem passar o dia em branco. A programação era atraente, para miúdos e graúdos e de louvar, quando se trata de levar mais gente aos museus. O Museu Nacional de Arte Antiga, repito, Museu Nacional, tinha uma programação vasta a começar na Sexta-feira. Da programação, anunciada no jornal Metro, na Visão, na web page oficial do museu, em newsletters várias que recebi ao longo da semana de remetentes vários, e certamente, em mais uma dúzia de edições que não me passaram pelas mãos, fazia parte uma festa no jardim a começar às 23 horas de Sexta. Esqueceram-se foi de dizer que, apesar de se tratar de um Museu Nacional, sustentado em parte com os meus impostos, e da festa estar integrada nas comemorações do Dia Internacional dos Museus, tudo com carácter público, portanto, a entrada estava restringida a quem tivesse convite ou fizesse parte de uma guest list. Ou seja, Sexta-feira houve umas poucas dezenas de pessoas da socialite que esteve a divertir-se noite fora num espaço que é publico, numa festa patrocinada pelos impostos de todos nós, facto que de certeza não lhes passou pela cabeça nem ao quinto vodka limão quanto mais ao trigéssimo. Como, repetidamente, dizia um amigo meu quando lhe telefonei a dizer que não valia a pena vir desembestado por ali fora Este pais está mesmo uma merda e é por mentalidades destas que não vamos definitivamente a lado nenhum.

Pois...



Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma … Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas …
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua …, – unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois … – abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada …
Deixa a vida exprimir-se sem disfarce!


Eugénio de Andrade

quarta-feira, maio 09, 2007

Porque hoje é 9 de Maio


Humberto Borges ©
Envolvei-me,
fechai-me dentro em vós
E que eu não morra nunca.

Ricardo Reis

quinta-feira, maio 03, 2007

Pois...


Vês estas mãos?
Mediram a terra, separaram os minerais e os cereais,
fizeram a paz e a guerra, derrubaram as distâncias
de todos os mares e rios,
e, no entanto, quando te percorrem a ti,
pequena, grão de trigo, andorinha,
não chegam para abarcar-te,
esforçadas alcançam as palomas gêmeas
que repousam ou voam no teu peito,
percorrem as distâncias de tuas pernas,
enrolam-se na luz de tua cintura.
Para mim és tesouro mais intenso de imensidão
que o mar e seus racimose
és branca, és azul e extensa como a terra na vindima.
Nesse território, de teus pés à tua fronte,
andando, andando, andando, eu passarei a vida.

Pablo Neruda

quarta-feira, maio 02, 2007

Para a loira


Humberto Borges ©

Há pessoas que estimamos só por aquilo que são.
Há pessoas, que ao fim de tantos anos,
ainda nos conseguem surpreender com o que fazem.
E há pessoas que, apesar de tudo, ainda nos conseguem
Tocar com aquilo que nos dão.
Porque em ti existem estas pessoas todas,
Só te tenho a dizer mais uma vez:
Obrigada!

terça-feira, maio 01, 2007


Humberto Borges ©

Já experimentaram fazer bolas de sabão? Irem para uma janela sobre a cidade, e desatarem a fazer bolas de sabão para o ar, imaginando onde acabará cada uma? Uma coisa assim feita sem objectivo, só pelo puro prazer de a fazer? É uma amostra daquilo que fomos há tanto tempo e que ficou pelo caminho. Onde, nem sabemos bem. Algures no meio de uma desilusão ou de uma discussão. Ou mesmo de um capricho não satisfeito ou de um sonho desfeito. Aquilo que ficou para trás, como se tivesse esvoaçado cidade fora, dentro de uma bola de sabão. Bola de sabão que se cruzou com outras bolas de sabão, igualmente cheias de expectativas e pequenos pedaços de alma, encarcerados e tristes por se verem afastados de quem lhes pertencia. Pedaços de alma esperançados, alegres e sonhadores, que deixaram atrás de si gente vazia de alegria. Pedaços de alma voando e observando uma cidade que corre por entre as pessoas, observando todo este teatro que fazemos, antes dos seus invólucros de sabão se extinguirem e deixarem-se cair sobre novos corpos, encantando-os e enchendo-os de nova esperança. São bons estes momentos em que se calhar recebemos uma bola de sabão cheia de alegria de alguém, em que nos esquecemos de nós mesmos e nos entregamos a um doce prazer só pelo gosto de o fazer. Para logo a seguir nos lembrarmos desta porra que é ser-se adulto, desta nossa vida que nos atravessa e que mais parece uma criança mimada que não nos obedece.