segunda-feira, outubro 29, 2007

Dazed and confused


Humberto Borges ©

Muito se fala deste país, como ele está e onde irá parar. O pessimismo dos portugueses, crónico ou não, é reinante, não ajuda o pais a sair da cepa torta e soubemos este Verão que os nórdicos, apesar do tempo de trampa que têm e dos impostos altíssimos que pagam, conseguem ter índices de felicidade superiores aos nossos pela confiança que têm nos seus governantes. Cá não é assim, já todos sabemos. Mas se quiserem ficar ainda mais pessimistas quanto ao futuro deste país, dêem uma saltada aos locais da noite onde habitam os teenagers desta nação e vejam a pouca confiança que os mesmos vos são capazes de inspirar. Basta por exemplo ir ali à zona de Santos. Nem estou a falar da Expo ou das Docas, que todos sabemos serem das piores zonas, há muitos anos. Para quem tem adolescentes na família, é um autêntico filme de terror, em franca concorrência com o MoteLx, só vos digo, capaz de nos mandar para casa com uma depressão, a sobreviver à custa de muito dialzepam. E digo isto porque estes teenagers têm 13, 14, 15 e 16 anos. Além das indumentárias que nos fazem supor que estamos constantemente numa noite de verão, com 35ºC às 3 da matina, seja ele em Agosto ou em Dezembro, a profusão de Caralho e Foda-se vinda de bocas onde o álcool enrola a língua é de tal ordem que nos fazem acreditar que os moços e as moças não terão qualquer outro tipo de vocabulário no léxico. Eles, histéricos, sem saberem se hão-de dar mais uma passa no cigarro e emborcar o 25º shot até ao coma alcoólico ou deixarem-se cair para cima de uma das amigas e afundar o focinho no decote. Elas, histéricas também, sem saberem se hão-de puxar o top mais para baixo e a saia mais para cima ou pedir o décimo vodka com rebull, enquanto fazem olhinhos ao bartender. Seguramente que este meu discurso revela a proximidade dos quarenta mas garanto-vos que estes teenagers, seja pela forma como se apresentam seja pelo ar sabidão que exalam, parecem muito mais velhos que eu. Tanto que depois de uma noite inteira a vê-los só me apetecia meter o rabinho entre as pernas mais a minha experiência de vida e vir para casa brincar com o Lego…

sábado, outubro 27, 2007

Pois...


Humberto Borges ©

Life is a sexually transmitted disease and the mortality rate is one hundred percent.

R. D. Laing

quinta-feira, outubro 25, 2007

O bem que este homem escreve...



"Este final de Setembro, o mês dos meus anos, tem-me custado. Perguntas sobre perguntas acerca de mim mesmo e a angústia do sentido da vida e da forma como me relaciono com ela. O que posso fazer? Há um livro a sair agora, trabalho noutro: e depois? Que significa isso para mim? Os meus defeitos aparece-me de forma muito clara e dolorosa. Não só os meus defeitos: as minhas insuficiências, os meus erros. Sempre imaginei que um livro resgatava tudo: não resgata. E no entanto continuo a escrever, como se esse acto contivesse em si a minha salvação. Sei bem que chegará um tempo em que apenas os livros hão-de contar porque eu, enquanto pessoa, não tenho importância alguma, às vezes nem para mim mesmo. Vou-me olhando de forma cada vez mais distanciada e sem indulgência. A impressão, melhor: a certeza de ter falhado. O quê? Não estou deprimido, não me sobra tempo para depressões, sou apenas um homem, diante do seu espelho interior, que não gosta do que vê. O que poderia ter feito? O que deveria ter feito? Esta permanente tortura que a gente disfarça. A ideia recorrente que aquilo, quer dizer que a única coisa que a vida nos dá é um certo conhecimento dela que chega tarde demais, sempre tarde demais. (...)"

António Lobo Antunes
in Visão, 18 de Outubro 2007

quarta-feira, outubro 24, 2007

Pilobolus


Ou como o corpo humano pode parecer tão leve.

segunda-feira, outubro 22, 2007



Este é o Durian. Bonito, não é? É um fruto exótico, digamos assim, especialidade muito apreciada pelos malaios e que, dizem, tem um tremendo poder afrodisíaco. Até acredito que sim. Para quem o conseguir comer! Já que o cheiro é perfeitamente nauseabundo, tirando-nos a vontade de comer seja o que for quanto mais o propriamente dito. Como dizia um chinês na barraquinha à beira da estrada onde dois turistas ocidentais se entretinham a provar esta delicatessen, It's like eating ice cream in the toilet! E é mesmo!

domingo, outubro 21, 2007

sábado, outubro 20, 2007

As terras altas



E eis que a pouco mais de 200 km de KL, encontramos as terras altas malaias. Aqui a temperatura desce agradavelmente, a cadencia diária é bem mais suave, as plantações de chá são a perder de vista, as gentes entretêm-se a cultivar morangos e flores e a criar borboletas e outros bichinhos, a floresta é suficientemente traiçoeira para mesmo os mais afoitos não se aventurarem por alguns caminhos (há inclusive a estória do trekker Jim Thompson, um americano abastado, fundador da industria tailandesa de seda, que vivia numa sumptuosa casa em Bangkok, que em 1967 veio aqui de férias, meteu-se floresta dentro e nunca mais apareceu), as casas parecem pequenas cottages do country side inglês e, imagine-se, é possível aquecer-se o corpo, e não só, com chá e scones, doce de morango, manteiga e natas incluídas!

quarta-feira, outubro 17, 2007

Irra!


A Bolota ©

Subir o lamacento Sungai Tembeling num barquito destes durante 3 horas para desembocarmos em Taman Negara, a mais antiga rain forest do mundo (130 milhões de anos)? Não será para todos, não...

domingo, outubro 14, 2007

Portugis?


A Bolota ©

Chegamos a Malaca e negociamos um táxi ate Medan Portugis por 20 ringitts. Ja dentro do táxi, o motorista pergunta-nos porque chegamos a Malaca e queremos logo ir a Medan Portugis, no esquecido bairro português. Respondemos que somos portugueses. Fica logo ali feita grande amizade pois o taxista e ele mesmo descendente de portugueses, Francisco de seu nome e a mãezinha, de 98 anos, ate se chama Rosário Matilde Teixeira. Da ali duas palavrinhas em cristão (dialecto falado pelos descendentes de portugueses em Malaca, mistura de português arcaico e gramática malaia, o qual conseguimos perceber perfeitamente embora não nos soe a nada de nada) e diz-nos que nos leva a casa dele onde o irmão fala muito melhor que ele e sabe mais umas coisas desta estória dos portugueses em Malaca. Depois do Medan Portugis (Largo Português na tradução a letra), algo desolador e abandonado, presidido pelo Hotel Lisbon e pelo Restoran de Lisbon (onde, diz-nos o Francisco, servem uma comida muito portuguesa. Nós gostávamos de acreditar mas quer-nos parecer que ali, se servir algo português, será cozido Nasi Lemak...), somos levados para casa do Francisco onde vive a mãe, não sei quantos irmãos e irmãs, mais não sei quantos sobrinhos, cães e gatos. A casa é miserável mas não falta uma Ultima Ceia a abençoar a sala de refeições e um postal do FCP, que pelos vistos aqui esteve há pouco tempo. João, o irmão de Francisco, explica-nos que comemoram o Natal, Entrudo, Páscoa, São João e São Pedro (estas duas as grandes festas do bairro português, em Junho), que ensinam cristão aos filhos para que a tradição não se perca, que a maioria ganha a vida como pescador, e que para eles os portugueses, quando foram corridos pelos holandeses em 1641, deviam ter levado a população portuguesa consigo em vez de a abandonar ali. Somos servidos de vinho de cor rose, um vinho feito a partir de arroz segundo uma receita tipicamente portuguesa que Rosário Matilde guarda religiosamente e que nos dizem ser igualzinho ao Vinho Verde. Não é mas que sabe a vinho ao inicio, sabe. Despedimo-nos, prometemos escrever e somos deixados por Francisco no seu táxi a cair de podre às portas da Porta de Santiago, um dos poucos resquícios arquitectónicos da presença portuguesa por estas bandas. E de facto, perguntamo-nos, porque raio, quando os holandeses nos varreram daqui para fora, não levamos os antepassados desta gente connosco em vez de os deixar aqui, onde agora não são carne nem peixe?

quarta-feira, outubro 10, 2007

Selamat datang!


A Bolota ©

35 Graus a colarem-se ao corpo e a pedir-nos um duche a cada 5 minutos. Muçulmanos, hindus, xiitas, taoistas e budistas a conviverem em cada quarteirão e a não nos deixarem descobrir o que é afinal ser-se malaio. A chuva pontual das 4 da tarde, a lembrar-nos que estamos nos trópicos. O fim do fastio as sete da tarde e o jantar que se prolonga noite fora. As varandas engalanadas com a bandeira nacional, comemorando os 50 anos enquanto nação. A tranquilidade dos Lake Gardens para nos esquecermos da cidade. As massagens de 90 minutos e a pouco menos de 10 €, para nos pôr o corpinho preparado para continuarmos a calcorrear a cidade a pé. O trânsito caótico a fazer-nos temer pela nossa vida. A comida feita e vendida na rua. Que comida, não se percebe muito bem mas também não interessa. É boa e barata! A cidade que não dorme. A arquitectura moderna das Petronas Towers, símbolo do ouro negro, a contratar com os edifícios decadentes de China Town e Little India. O Sultan Abdul Samad Building iluminado como se já estivéssemos nos Natal. Mas não. E só o Ramadão. O Bukit Nanas, a floresta tropical no meio da cidade. O Suria KLCC, centro comercial por baixo das Petronas onde Gucci, Armani, Prada, Marc Jacobs, Tod’s e outros que tais fazem as delicias dos turistas de Singapura e Japão. O chã gelado e os sumos de frutas que nunca vimos para arrefecer e tornar-nos ainda mais felizes.Bem vindos a Kuala Lumpur, Malásia. A cidade onde a palavra multi-culturalismo foi inventada.

sexta-feira, outubro 05, 2007

Next stop


Hopefully...
See ya!

terça-feira, outubro 02, 2007

Pois...


Humberto Borges ©

(…) Houve coisas que deixaram de ser importantes. E normalmente é quando deixam de ser importantes que vêm ter connosco… (…)

António Lobo Antunes em entrevista à Visão desta semana.
Aqui: http://aeiou.visao.pt/default.asp?CpContentId=334479

segunda-feira, outubro 01, 2007

Outubro !?!


Humberto Borges ©

Faltam 3 meses para este ano acabar. Acreditam?! 3 meses!!