terça-feira, novembro 27, 2007

Pois...



Could fulfillment ever be felt as deeply as loss? Romantically she decided that love must surely reside in the gap between desire and fulfillment, in the lack, not the contentment. Love was the ache, the anticipation, the retreat, everything around it but the emotion itself.

sexta-feira, novembro 23, 2007

Gaijos que não me importava de ter a passearem-se cá por casa


Clive Owen

Já se passeou por aqui, em tempos. Mas não resisti a repetir a dose. Até porque desde que fui ver o Elizabeth que o homem não me sai da cabeça mais aquele jeito de pirata salvador de donzelas solitárias...

quinta-feira, novembro 22, 2007


Humberto Borges ©

Durante anos não percebi como os meus amigos podiam apaixonar-se e de repente desaparecer da luz do dia e dos convívios que sempre nos uniram. Achava estranho que numa fase adulta e consciente, em que temos amizades mais que consolidadas, aquelas personagens inundadas de paixão pura simplesmente desaparecessem da face da terra, desejando ardentemente estar 24 h sobre 24 h com o leimotiv da paixão que viviam. A cabra racional que há em mim sempre viu isto como um disparate e nada saudável, a longo prazo, para a relação que se iniciava. Fazia-me espécie que vivências anteriores fossem abandonadas como se nunca tivessem sido as desejadas nem sequer importantes, sendo vividas apenas como mal menor, na falta de melhor.
Da mesma forma, deixava-me algo perplexa que estes meus amigos jovens apaixonados vissem de repente as suas várias necessidades supridas por uma única pessoa: o agent provocateur de toda aquela paixão, não sentindo vontade de estar fosse com quem mais fosse. Aos poucos fui aliás compreendendo que esta é uma atitude main stream e que, a maioria das pessoas, quando apaixonada, é assim que se comporta. Tão main stream que agora, ao ver-me na posição inversa, acabam por me tratar da mesma forma. Ou seja, por me encontrar num estado de idílico enamoramento, os demais acreditam piamente que fui igualmente submetida a uma lobotomia, que me deixou sem qualquer vontade própria, que me suprimiu igualmente todas as características e faculdades anteriores, tendo tudo o mais deixado de ter importância incluindo os convívios entre amigos. Supostamente, estes deixaram de me fazer falta, porque Helás! todas as minhas necessidades se encontram finalmente satisfeitas por um todos em um. Isto tudo assumido como dado adquirido e não questionável porque de mim, ser cheio de borboletas esvoaçantes no estômago, não é esperado qualquer outro tipo de comportamento. Mesmo que tal comportamento nada tenha a ver com aquilo que eu sou e que não seja o desejado por mim. Concluo agora que provavelmente aqueles que durante anos me deixaram perplexa com o seu afastamento não foram se calhar mais que vítimas de uma certa forma de exclusão (quiçá por a sua própria felicidade nos ser insuportável, e dai serem vistos e tratados como traidores, de quem se passou para o outro lado, meaning, para o lado dos felizes), que os levou, obviamente, a afastarem-se.
As relações humanas têm sem dúvida muito de curioso e, como um dia me dizia alguém que estimo muito, os nossos amigos dizem-nos sempre que nos querem o mais feliz possível. Até ao dia em que realmente vivemos algo feliz e ai perceberem que afinal não nos queriam tão felizes quanto isso… Talvez o estado de enamoramento sirva para isso mesmo também. Para nivelar amizades e para vermos quem, entre mortos e feridos, fica genuinamente feliz por nós e se mantém ao nosso lado igual ao que sempre foi. Mesmo que a nossa disponibilidade seja, por força das circunstâncias, menor. Afinal de contas, aí, quando a nossa disponibilidade diminui, é que a porca torce o rabo e tudo pia mais fininho... Porque, como diria a minha cunhada preferida, gostarem de nós quando somos simpáticos e disponíveis não é difícil.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Pois...


Teu corpo principia

Dou-te um nome de água
para que cresças no silêncio.
Invento a alegria
da terra que habito
porque nela moro.
Invento do meu nada
esta pergunta.
(Nesta hora, aqui.)
Descubro esse contrário
que em si mesmo se abre:
ou alegria ou morte.
Silêncio e sol – verdade,
respiração apenas.
Amor, eu sei que vives
num breve país.
Os olhos imagino
e o beijo na cintura,
ó tão delgada.
Se é milagre existires,
teus pés nas minhas palmas.
O maravilha, existo
no mundo dos teus olhos.
O vida perfumada
cantando devagar.
Enleio-me na clara
dança do teu andar.
Por uma água tão pura
vale a pena viver.
Um teu joelho diz-me
a indizível paz.

António Ramos Rosa

terça-feira, novembro 20, 2007

Whatí?!?



Sempre me senti desconfortável nesta situação de não ter um rótulo que honesta e inequivocamente classifique o meu estado civil nesta sociedade. Não sou casada nem nunca fui logo, por exclusão de partes, não sou divorciada e também não sou viúva e até mesmo a união de facto nunca se deu bem comigo. Além disso, o estatuto de solteira que envergo no BI foge um bocado à ideia geral de solteira (aquela que eventualmente adquirirá um dos demais estatutos enunciados ou, pelo menos, assim gostaria). Viver assim, num padrão de vivência inclassificável e esquivo à regra vigente na sociedade, sempre foi coisa que me atormentou e tirou horas de sono. Soube agora (pelo vistos tarde porque a designação já existe há muito tempo) que existe um novo estatuto: os Dinky - Double Income, No Kids Yet, cognome que encaixa confortavelmente aqueles que vivem juntos, optaram por não casar e não têm filhos, que têm estilos de vida ditos caros, viajando, jantando mais vezes fora, em bons restaurantes, do que em casa, consumindo espectáculos, cinema, livros e cds acima da média e etc mais toda a palhaçada que já conhecemos. Porque, segundo um artigo da revista Sábado de há umas semanas, este novo estilo de vida, que é praticamente o meu (tirando a parte da vivência conjunta e dos restaurantes caros), poderá representar 25% da sociedade portuguesa em 2010, senti-me genuinamente mais enquadrada. Eu própria podia passar a auto intitular-me como uma OINKY - One Income, No Kids Yet. Mas, tendo em conta que a parte dos Kids não se me afigura como provável, vejo-me perpetuada na figura de uma OINK - One Income, No Kids. OINK?! OINK, OINK como os porcos? Mal por mal prefiro voltar a ser uma sem rótulo...