Chegamos a Malaca e negociamos um táxi ate Medan Portugis por 20 ringitts. Ja dentro do táxi, o motorista pergunta-nos porque chegamos a Malaca e queremos logo ir a Medan Portugis, no esquecido bairro português. Respondemos que somos portugueses. Fica logo ali feita grande amizade pois o taxista e ele mesmo descendente de portugueses, Francisco de seu nome e a mãezinha, de 98 anos, ate se chama Rosário Matilde Teixeira. Da ali duas palavrinhas em cristão (dialecto falado pelos descendentes de portugueses em Malaca, mistura de português arcaico e gramática malaia, o qual conseguimos perceber perfeitamente embora não nos soe a nada de nada) e diz-nos que nos leva a casa dele onde o irmão fala muito melhor que ele e sabe mais umas coisas desta estória dos portugueses em Malaca. Depois do Medan Portugis (Largo Português na tradução a letra), algo desolador e abandonado, presidido pelo Hotel Lisbon e pelo Restoran de Lisbon (onde, diz-nos o Francisco, servem uma comida muito portuguesa. Nós gostávamos de acreditar mas quer-nos parecer que ali, se servir algo português, será cozido Nasi Lemak...), somos levados para casa do Francisco onde vive a mãe, não sei quantos irmãos e irmãs, mais não sei quantos sobrinhos, cães e gatos. A casa é miserável mas não falta uma Ultima Ceia a abençoar a sala de refeições e um postal do FCP, que pelos vistos aqui esteve há pouco tempo. João, o irmão de Francisco, explica-nos que comemoram o Natal, Entrudo, Páscoa, São João e São Pedro (estas duas as grandes festas do bairro português, em Junho), que ensinam cristão aos filhos para que a tradição não se perca, que a maioria ganha a vida como pescador, e que para eles os portugueses, quando foram corridos pelos holandeses em 1641, deviam ter levado a população portuguesa consigo em vez de a abandonar ali. Somos servidos de vinho de cor rose, um vinho feito a partir de arroz segundo uma receita tipicamente portuguesa que Rosário Matilde guarda religiosamente e que nos dizem ser igualzinho ao Vinho Verde. Não é mas que sabe a vinho ao inicio, sabe. Despedimo-nos, prometemos escrever e somos deixados por Francisco no seu táxi a cair de podre às portas da Porta de Santiago, um dos poucos resquícios arquitectónicos da presença portuguesa por estas bandas. E de facto, perguntamo-nos, porque raio, quando os holandeses nos varreram daqui para fora, não levamos os antepassados desta gente connosco em vez de os deixar aqui, onde agora não são carne nem peixe?
domingo, outubro 14, 2007
Portugis?
Chegamos a Malaca e negociamos um táxi ate Medan Portugis por 20 ringitts. Ja dentro do táxi, o motorista pergunta-nos porque chegamos a Malaca e queremos logo ir a Medan Portugis, no esquecido bairro português. Respondemos que somos portugueses. Fica logo ali feita grande amizade pois o taxista e ele mesmo descendente de portugueses, Francisco de seu nome e a mãezinha, de 98 anos, ate se chama Rosário Matilde Teixeira. Da ali duas palavrinhas em cristão (dialecto falado pelos descendentes de portugueses em Malaca, mistura de português arcaico e gramática malaia, o qual conseguimos perceber perfeitamente embora não nos soe a nada de nada) e diz-nos que nos leva a casa dele onde o irmão fala muito melhor que ele e sabe mais umas coisas desta estória dos portugueses em Malaca. Depois do Medan Portugis (Largo Português na tradução a letra), algo desolador e abandonado, presidido pelo Hotel Lisbon e pelo Restoran de Lisbon (onde, diz-nos o Francisco, servem uma comida muito portuguesa. Nós gostávamos de acreditar mas quer-nos parecer que ali, se servir algo português, será cozido Nasi Lemak...), somos levados para casa do Francisco onde vive a mãe, não sei quantos irmãos e irmãs, mais não sei quantos sobrinhos, cães e gatos. A casa é miserável mas não falta uma Ultima Ceia a abençoar a sala de refeições e um postal do FCP, que pelos vistos aqui esteve há pouco tempo. João, o irmão de Francisco, explica-nos que comemoram o Natal, Entrudo, Páscoa, São João e São Pedro (estas duas as grandes festas do bairro português, em Junho), que ensinam cristão aos filhos para que a tradição não se perca, que a maioria ganha a vida como pescador, e que para eles os portugueses, quando foram corridos pelos holandeses em 1641, deviam ter levado a população portuguesa consigo em vez de a abandonar ali. Somos servidos de vinho de cor rose, um vinho feito a partir de arroz segundo uma receita tipicamente portuguesa que Rosário Matilde guarda religiosamente e que nos dizem ser igualzinho ao Vinho Verde. Não é mas que sabe a vinho ao inicio, sabe. Despedimo-nos, prometemos escrever e somos deixados por Francisco no seu táxi a cair de podre às portas da Porta de Santiago, um dos poucos resquícios arquitectónicos da presença portuguesa por estas bandas. E de facto, perguntamo-nos, porque raio, quando os holandeses nos varreram daqui para fora, não levamos os antepassados desta gente connosco em vez de os deixar aqui, onde agora não são carne nem peixe?
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1 comentário:
Raio dos holandeses e dos portugueses estão em todo o lado! he, he...
beijocas e divirtam-se muiiiiiiiiito
Sempre
Marsupas
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