quarta-feira, dezembro 31, 2008


NYC by Humberto Borges ©

Curioso, este dia assim cinzentão. Com este ano 2008 a despedir-se choroso. O ano em que o império americano ruiu, apesar de ter conseguido eleger o Presidente mais giraço dos últimos anos (o que, dada a galeria, não era difícil). E aqui estou eu, no fim de um ano muito parco em escritas, a desejar-vos um bom ano que certamente, à conta do mau que o anunciam, será muito melhor do que estamos à espera! Bom ano, melhor que 2008 e pior que 2010!

sexta-feira, dezembro 26, 2008

Pois...



"Creio que foi o sorriso,
0 sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com
muita luz lá dentro,
apetecia entrar nele, tirar a roupa,
ficar nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer
naquele sorriso."

Eugénio de Andrade

quarta-feira, dezembro 24, 2008

A árvore de Natal do meu bairro é a mais bonita da cidade toda!



Num ano em que Lisboa teve tanto azar com as decorações de Natal, gélidas, tristes e açambarcadas por publicidade, onde a Avenida da Liberdade desde o inicio de Dezembro chora em pranto por ver assim a sua cidade tratada nesta quadra festiva, S. Bento mantém-se fiel a si mesmo e oferece-nos uma arvore de Natal verdadeira, com pinheiro daqueles que crescem na terra, luzes a piscar à noite e tudo. Pena estar escondida da maioria do habitantes. Mas é caso para nos marimbarmos na ecologia e gritar: Feliz Natal!!! E que parte dos sonhos de hoje sejam realidade daqui a um ano.

domingo, dezembro 21, 2008

Mais palavras para quê?



Por trás, o Parlamento. Significativo, não? Porque afinal de contas não é tão somente esta a causa dos tumultos por esta Europa fora? Aquilo que nos faz acreditar que mais tarde ou mais cedo venceremos esta modorra e, à semelhança de gregos, franceses, italianos e espanhóis, o povo partirá para a violência nas ruas? O aviso aos nossos governantes está ali, mesmo à frente daquelas doutas cabeças, podendo ser contemplado todos os dias. Ah, pois! Esquecia-me que os nossos governantes não se deslocam de transportes públicos, entrando directamente na garagem da Assembleia, pelo que estes avisos da população lhes passam ao lado...

domingo, novembro 30, 2008

Pois...




“Hay muchos hombres que piensan que las mujeres necesitan sentirse muy queridas y halagadas, incluso mimadas, y lo que más nos importa es que nos entretengan, es decir, que nos impidan pensar demasiado en nosotras mismas. Es una de las razones por las que solemos querer hijos."

terça-feira, novembro 25, 2008

Coisas verdadeiramente interessantes




O Tempo da vida, na Gulbenkian ontem e hoje. Repete em Abril e Junho do próximo ano.
Em tom de pânico, vemos nas parangonas dos jornais, na televisão e em tudo quanto é media que a sociedade dos países ditos civilizados está a envelhecer, com a pirâmide de idades a tornar-se num triangulo, o quanto isso é mau e nos pesa (ou irá pesar) a nós, sociedade civil. Argumentos que servem para inúmeros governos aumentarem a idade da reforma ou exigirem co-pagamentos na saúde (porque a longevidade se faz à custa de medicina cada vez mais cara), sem contudo se explicar às populações o lado positivo da questão. Tão simples quanto este: estamos a viver mais anos e isso é bom. Envelhecemos de forma mais activa, diferente do que envelhecíamos há 30 ou 40 anos. Podemos ter que trabalhar mais anos, é certo, mas também temos mais tempo para viver, para sermos válidos. Tudo foi explicadinho ali, dando um tom mais positivo ao que é esta coisa de envelhecer. Sim, porque numa sociedade que tudo faz para nos manter vivos mais tempo o enorme contra-senso é continuar-se a valorizar apenas o que é novo. De que serve aumentarmos a esperança de vida se não reconhecermos esse aumento como positivo em vez de o ver unicamente como um fardo para a sociedade?

domingo, novembro 23, 2008

A minha cidade é mais bonita do que a tua



Lisboa tem destas coisas. Podemos passar a semana inteira a maldizer da nossa vida, como bons portugueses que somos. A queixar-nos desta obrigação de ter que trabalhar que nos deixa tão pouco tempo para fazermos o que realmente gostamos. Para, num Sábado de manhã, sairmos de casa e nos depararmos com o espectáculo ao vivo que é esta cidade mais a luz incrível que a acalenta e que, cliché obligé, nos enche a alma. Olhamos em redor e os pormenores são tantos e todos tão novos que de repente é como se fossemos turistas na nossa própria cidade. E é então que nos lembramos o quanto apaixonados estamos por esta cidade e a vida se torna muito mais leve.

sábado, novembro 22, 2008

Pois...


Humberto Borges ©

"A vida é, de facto, um escândalo para a razão."
Artur do Cruzeiro Seixas

quinta-feira, novembro 20, 2008

Fechou



Quando há menos de um ano foi anunciado que iria abrir a maior livraria do pais pensei que, para gáudio dos meus olhos e cérebro, iríamos ter na capital uma imitação à altura das livrarias de Londres e Nova Iorque, onde nos podemos passear durante horas e, literalmente, babarmo-nos para cima das prateleiras e ilhas cheias de livros novos, actuais e desconhecidos em edições lindas de morrer. Uma única visita aos ditos 3300 m2 de imitação e rapidamente conclui que ficava muito aquém dos originais. Mas era no entanto uma boa contraposição à estandardização que Fnac e Continente fazem neste momento ao comércio livreiro em Portugal. E era ainda sinónimo de que, havendo um sonho, vale a pena não desistir. Por estas razões, mais que propriamente pela sua qualidade, é pena que tenha tido este fim.

segunda-feira, junho 16, 2008

Where heaven and earth meet?



Será alguma praia numa costa australiana ou isso? Não. É no nosso pais. Portugal continua a ser um dos paises mais bonitos que conheço. Mas só o posso garantir porque o conheço. Em vez de se investir no marketing do pais para estrangeiros, como tem sido hábito, talvez valesse a pena pensar em subsidiar viagens a todos os portugueses para descobrirem o seu próprio pais, além do Algarve e da terrinha. De certeza que faria muito mais pela nossa alma lusa, enchendo cada um de orgulho e de vontade de se afirmar português do que estas jornadas futobolisticas, por exemplo, que são sol de pouca dura.

domingo, junho 01, 2008

Isn't it ironic?



Na crónica da semana passada do Expresso (sim. Da semana passada. A capacidade de leitura da Bolota anda muito por baixo…), Nicolau Santos enumerava 4 crises que vieram para ficar: aumento do preço dos combustíveis fosseis, aumento do preço da electricidade, aumento do preço da água por ser cada vez mais escassa, aumento do preço dos bens alimentares (aqui: http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?sid=ex.sections/23490).
Numa sociedade que tem primado pela democratização do luxo e do acessório, com as famílias a endividarem-se para terem o melhor carro, a melhor casa, a casa de férias, os gadgets domésticos de ultima geração, deixando muitas vezes de lado os bens essenciais não deixa de ser irónico que agora sejam estes a tornarem-se em luxo pela exorbitância dos preços que vão atingindo.

sexta-feira, maio 16, 2008

segunda-feira, maio 12, 2008

The National



Grande concerto ontem na Aula Magna! Eis uma amostra:

http://www.youtube.com/watch?v=ojcX62ie2DA

Os bracinhos da Bolota aos pulos estão lá atrás!

quinta-feira, maio 08, 2008

Porque hoje é 9 de Maio


Humberto Borges ©
Dez anos em que fiz, aprendi, aconteci, mudei, descobri e concluí um monte de coisas. Em que cresci sem que tu nunca tenhas sabido como. Em que vi os outros crescerem à minha volta como tu provavelmente nunca imaginaste. Em que nos tornámos pessoas um pouco diferentes, que tu nunca vieste a conhecer. Em que me tornei naquilo que sou sem sequer saber se te orgulharias. Em que me enchi de perguntas que queria ter-te feito e que ficaram sem resposta. Perguntas que nem sequer se me colocavam na altura.
Dez anos de ausência, implacáveis na demonstração que não importam todos os outros anos que tivemos com quem de tanto gostámos. Por mais e melhores que tenham sido, nunca chegam para sossegar a ausência que vem depois.
Antes pelo contrário.
Instigam-na.

quinta-feira, abril 10, 2008

Whatí?!?


Um transexual. Um gajo que já foi gaja. Que decidiu manter a sua função reprodutora apesar de fazer uma mastectomia e de se encher de injecções de testosterona para lhe dar o ar másculo que a cabeça exigia. Está grávido. A mim, que me considero uma moça bastante liberal, isto parece-me muito à frente. Demasiado à frente. Para lá de bizarro.
Parece que o bebé é uma menina. Ou seja, uma mulher que recusou o seu género e transformou-se em homem, só consegue gerar vida no feminino. A vida é tramadamente irónica. Ou não.

quarta-feira, abril 09, 2008


Humberto Borges ©

Por enquanto, a Mariazinha, com os seus 6 anos, era uma criança igual às outras. Com os seus cabelos aos caracóis loiros, tapados pelo chapéu de algodãozinho fino e com a sua pele tão branca como a areia, era uma criança como as outras, a fazer castelos de areia à beira mar, à medida que as ondas do mar os destruíam. Havia quem dissesse que já se encontrava na Mariazinha grande autodeterminação, espírito empreendedor e muita força de vontade. Um monte de disparates ditos por adultos que teimam em ver as crianças à sua imagem e esquecerem-se do que é ser criança. Certo, certo é que a Mariazinha agora era apenas uma criança igual a todas as outras, que chorava, ria, brincava e amuava e a quem a vida se lhe oferecia inocente e cheia de uma infinidade de possibilidades. O que seria a Mariazinha quando crescesse ainda ninguém sabia. E muito menos o saberia ela. Viria a ser viajante, correr o mundo por entre o frio dos Andes e o calor dos trópicos ou seria antes uma perfeita dondoca, coquete e cuidada, perdida entre roupagens, adereços e perfumes, preocupações únicas da sua existência? Seria voluntariosa, altruísta e abnegada ajudando quem necessitasse ou uma perfeita bandida a assaltar bancos ao bom estilo dos anos 30? Seria ceifeira em plena seara alentejana ou partiria para longe, para Africa, para grandes caçadas savana fora? Casaria de véu e grinalda, seria mãe dedicada, mulher fiel e profissional esmerada ou enveredaria por uma carreira de espectáculos de rua? Seria tropa ao serviço da nação ou padeira ao serviço de fomes alheias? Seria amorfa, sem qualquer característica que a distinguisse dos demais ou seria tão peculiar que nunca encaixaria neste mundo?
O que a Mariazinha seria um dia, ninguém sabia. Porque as possibilidades que a vida lhe oferecia eram tantas como os castelos que agora construía despreocupadamente à beira mar. Por isso, deixai a Mariazinha ser uma criança igual à outras, com o seu chapéuzinho de algodão, sem preocupações com o que a vida lhe trará.

sexta-feira, abril 04, 2008

Pois...


Humberto Borges ©

Mas que queremos da vida? É a vida? O que se procura em cada segundo para se perder em cada segundo? O tempo, assim, de nada nos serve. Um dia, dando por nós próprios, perguntamo-nos o que fizemos, por onde andámos, que cidades e casas percorremos, sem que uma resposta nos satisfaça. A vida, então, limita-se a ser o que fez de nós, sem que o tenhamos desejado, e nada pode ser feito para voltar atás, nem para restituir os passos trocados de direcção, as frases evitadas no último extremo, o olhar que se desviou quando não devia. Ah, sim - e o amor? É isso que queremos da vida? É verdade: cada um dos abraços que se deram, contando cada instante; o rosto lembrado no auge do prazer, quando um súbito sol desponta dos seus lábios; os cabelos presos nas mãos, como se elas prendessem o feixe da eternidade... Assim, a vida poderá ter valido a pena. É o que fica: o que nos foi dado e o que damos, sem que nada nos obrigasse a dar ou a receber, o puro gesto do acaso na mais absoluta das obrigações. Então, volto a perguntar: que outra coisa queremos da vida?

Nuno Júdice

quarta-feira, março 26, 2008

Gaijos que não me importava de ter a passearem-se cá por casa


Javier Bardem
Obviamente que sem aquele penteado parolo do This is no country for old men mais a bazuca e o ar alucinado.

segunda-feira, março 24, 2008

Um breve conto neste pós Páscoa


Humberto Borges ©

Uma garrafa de whisky, se faz favor, disse Carlos para a solicita caixa do supermercado AC Santos do bairro, mantendo-se imóvel a fitar o inexistente.
Deus, se por acaso existisse como lhe diziam, tinha-lhe roubado a vista assim que germinara no utero materno. Talvez por isso mesmo nunca acreditou que existisse uma entidade que diziam ser de bondade infinita que tivesse escolhido logo a ele, uma criança ainda sem experiência alguma em pecados, para o privar assim da visão. Pensava sempre que, caso existisse, Deus estaria certamente a curar uma imensa ressaca no dia em que nascera. Se nele havia pecado teria sido precisamente adquirido depois, há medida que crescera e que se apercebera da importância do que não tinha. Quando a inveja o começou a roer, por dentro e por fora. Inveja daqueles que viam e que lhe tentavam descrever um mundo que ele desconhecia, que nem sequer conseguia imaginar como fosse. As pessoas podiam dizer-lhe que uma casa desenhada por uma criança era quadrada, que o sol que o aquecia nos fins de tarde encostado ao banco de jardim, envolto em divagações ébrias, era amarelo ou que a bola de futebol que fazia vibrar multidões era redonda. Para ele podiam ser como quisessem porque o cérebro pura e simplesmente não lhe devolvia uma imagem daquilo que não conseguia ver. Certamente que aquele corpo frágil e engelhado se enchera de pecado cada vez que odiara a mãe e a desejara calar para sempre quando esta lhe repetira que tivesse paciência, que se tinha de conformar porque se não via o mundo que Deus tinha criado era porque tal tinha sido a vontade desse mesmo Deus. Que incongruência! Criar uma obra destas e depois privar alguns de a verem.
Sim, agora era um homem cheio de pecado. Que mais se lembraria Deus de lhe tirar, pensava amiúde.
De que marca? perguntou-lhe aquela voz familiar. Qualquer uma, respondeu Carlos, enquanto o resto da frase lhe morria na boca e lhe pairava no pensamento. Porque a verdade é que qualquer marca lhe servia para apagar da memória as imagens que nunca tinha tido.

sábado, março 15, 2008

Pois...


Humberto Borges ©

o maior segredo por Fernanda Câncio

Há muitos segredos que não se contam às crianças. Os do sexo, desde logo – geralmente esperamos até ser tarde de mais e não haver nada para revelar – e os outros todos que mesmo que contássemos elas não perceberiam. O mais segredo de todos, tão misterioso que até o é para nós, é o da diferença entre as crianças e os adultos. E o segredo, naturalmente, é que não há diferença. Nenhuma.Calma: não estou para aqui a fazer a apologia de actividade criminosas. Falo da ideia que as crianças têm dos adultos. De como quando se é adulto se sabe sempre o que fazer e de que forma, a diferença entre o bem e o mal, o sítio onde virar para ir dar ao sítio certo. De como se é sério e compenetrado e responsável, de como nunca se fazem palermices ou coisas potencialmente perigosas só para ver como é e ao que sabe. De como não se tem medo do escuro nem de estar só, de como não se chora quando um brinquedo ou um objecto de que se gosta muito se parte ou não nos é oferecido no Natal e de como não se anda à bulha por causa de um nome feio ou de uma pirraça.Enfim. Era assim que a maioria de nós, adultos – se não todos – via os adultos quando não o éramos e nos imaginávamos quando o fôssemos. Acreditávamos que todas as dúvidas e perplexidades se desvaneceriam. Que seríamos outros, completamente outros, a rimar com as caras compridas e as rugas e os cabelos brancos e aquela preocupação toda com coisas tão desinteressantes como empregos e contas. Antecipávamos uma espécie de unidimensionalidade, uma simplificação da vida que, em crianças, nos parecia tão enigmática e inexpugnável.Descobrimos exactamente o inverso. Que tudo se complica, que tudo surge cada vez mais indecifrável, que não fazemos ideia nenhuma de para onde ir e como, que nada é previsível nem óbvio. Que temos de inventar o caminho à medida que avançamos e que não há mapas nem tabuletas nem sequer sentidos proibidos. E que, seja o que for que façamos ou pensemos, por melhor que nos comportemos, não há recompensa garantida a não ser, talvez, a ideia que fazemos de nós próprios – sendo que a ideia que fazemos de nós nunca é grande coisa porque nos conhecemos bem demais. E que temos de aprender a disfarçar o pavor que tudo isso nos faz sentir – porque, afinal, somos adultos e espera-se de nós (até nós esperamos de nós) que saibamos o que andamos para aqui a fazer. Há panaceias para isto, claro. Sistemas organizados de sentido como as fés e as religiões, sejam de que género forem. Pertenças a comunidades que nos conduzem num articulado de regras e interditos. Compromissos a que nos amarramos para reduzir as opções. Normas e leis. Tabus. Palavras a que prestamos vassalagem e servidão. E causas, sejam imateriais ou pessoas, às quais nos devotamos. Crianças, por exemplo. Por elas é preciso ser forte e monolítico, capaz. Por elas é necessário colocar a máscara do adulto e alisar o mundo. Fazê-lo parecer um lugar unívoco, programável, antecipável. Fazer-nos parecer de confiança. Criar esta ilusão que cremos essencial e que talvez o seja – como saber? Como aferir? Criar a fonte desta angústia e perplexidade, criar e a um tempo ocultar este travo amargo que nos acompanha desde que descobrimos o segredo, este segredo – o de que nada sabemos e nada saberemos, que nada controlamos e nada podemos. Que, como escreveu Pessoa na pena de Ricardo Reis, tudo é tão pouco, o mais é nada – e é preciso calar.

In Sermões impossíveis da Notícias Magazine de 17 de Fevereiro e publicado aqui: http://5dias.net/2008/02/23/o-maior-segredo/

terça-feira, março 04, 2008

Uma delicia!


Ou como se pode ser extremamente maduro aos 16 anos. Mesmo parecendo que não.

domingo, março 02, 2008

Ódios de estimação



Não sou apreciadora de gelados por aí além. Nem sequer do Magnum em particular. É coisa sem a qual vivo bem, felizmente. Já me basta aquelas às quais tenho que resistir à tentação. Mas confesso que me irrita ver a Eva Longoria, podre de boa e trabalhada a bisturi, dizer-me que não consegue resistir ao Magnum, como se a própria dieta da moça fosse feita à base dos ditos. É aliás algo que me irrita na publicidade e que considero um insulto à minha (parca) inteligência: utilizarem gajas destas, que sabemos que à partida têm vivências inacessíveis à maioria da população, para nos venderem aquilo que sabemos que elas próprias não consomem. Um bocado no estilo da Penelope Cruz a dizer-nos que só usa tintas L’Oreal pró cabelo, para ter aquele tom acobreado e sem brancas. Já as estou a imaginar a encontrarem-se no supermercado da esquina lá de Hollywood, a encherem o carrinho de compras com gel de banho Dove e creme anticelulite da Nivea…

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Parabéns, sobrinho mais velho preferido!


Humberto Borges ©

Naquela noite, ia grande agitação na fabrica Todos os Nomes & Filhos Lda. Havia 9 meses, tinham criado um nome muito especial e agora, que o prazo chegava ao fim, correndo o nome o risco de desaparecer, não havia forma de nascer uma criança suficientemente especial para o receber. Os artesãos estavam embaraçados pois haviam composto aquele nome com mil cuidados, perdido horas de sono procurando a maior sintonia entre nomes próprios e apelidos, para agora se verem assim na iminência de não ter ninguém apropriado para o receber. Sim, porque não podia ser um qualquer!
Sentados em frente do mapa-mundo, aguardavam o despertar de uma luz vermelha que lhes indicasse para onde deveriam enviar tão precioso nome. Mas naquele dia, além de virem ao mundo crianças bastantes desinteressantes, não havia meio de lhes aparecer uma verdadeiramente diferente que merecesse esta conjugação tão peculiar.
Até que de repente, no meio do silêncio e de muito roer de unhas, suou uma sirene acompanhada de um piscar muito vermelho e frenético num rectangulozinho do mundo para onde raramente os artesãos mandavam nomes. Estava escolhida a criança!, avisava a luz. O alvoroço foi grande até o paquete encarregue pela entrega de nomes no mundo sair espavorido, montado na sua nave ultra moderna e os artesãos puderem finalmente descansar a sua ansiedade e dedicar-se à criação de nomes para gente vulgar pelos tempos mais próximos.
Volvidos quase 18 anos, o artesão mor da altura lembrou-se de como estaria aquela criança. Sintonizou então o mapa mundo, enquadrou-o numa sala em festa nos arredores da capital do dito pais rectângulo e o que viu ele? Viu um rapaz feito, dotado de assaz inteligência, de uma doçura em doses tímidas mas generosas, servida com uma curiosidade invejável por todas as coisas do mundo, de braço dado com um humor impagável, tudo acompanhado por uma boa percentagem de modéstia, claro, rodeado por uma família inteira que o adorava e acarinhava.
O artesão desligou o mapa-mundo e sorriu descansado e confortado. Estava garantida a receita perfeita para se ser alguém muito especial. Tal e qual como imaginara há 18 anos.

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Porque hoje é 19 de Fevereiro


Humberto Borges ©

Às vezes esqueço-me do
que de ti levo na alma.
Não sei bem o que nela tenho de ti.
Dizem-me que muito.
Desconfio que o dizem por consolo.
Até pode ser muito, de facto.
Mas por mais que a minha alma de ti carregue,
Nunca bastará para encher o vazio
Que inunda o meu coração
Desde o dia tão prematuro
em que privada de ti fiquei.

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Ódios de estimação



Pronto. Não será exactamente um ódio. Mais uma comiseração de estimação pela certeza que tenho que esta miúda vai terminar mal. Muito mal. Implantes de silicone ao 23 anos?! Acaso restarão dúvidas?

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Boas noticias!



Zona ribeirinha de Lisboa sob gestão da Câmara a partir de hoje


Ainda há esperança, se acreditarmos que a CML não se renderá à especulação imobiliária que sempre aliciou a APL e que fez com que hoje, os Lisboetas tenham entre si e o Tejo uns belos duns mamarrachos por essa orla fora.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Pois...



Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti criarei um dia puro

Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.

Sophia de Mello Breyner Andersen

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Ódios de estimação

José Castelo Branco Popstar?
É caso para, mesmo não acreditando, bradar: Valha-nos Deus!!…
http://www.youtube.com/watch?v=m-jUgVViVJs

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Já cá faltava!



A mim, esta nova lei do tabaco parece-me uma boa bosta. Para além de ter o mérito de, neste começo de novo ano, ter posto a populaça toda a discutir algo que todos conseguem comentar e defender posições de forma aguerrida, esgrimindo respectivos argumentos e interesses, ter monopolizado qualquer conversa, desviando a atenção de assuntos bem mais interessantes e preocupantes da nossa vida civil, com os media a acompanhar o fervor de fumadores, não fumadores, proprietários fumadores em recintos não fumadores e vice versa, presidentes de instituições de fiscalização apanhados em flagrante e diabo a quatro, parece-me uma lei do nim, muito pouco preocupada com os interesses de quem diz querer defender: os dos não fumadores. Do tipo ai e tal e coiso é proibido mas se tiver menos de 100 m2 pode e tal e coisa escolher e tal mas e tal e coiso e se tiver mais de 100m2 pode também ter zonas de fumadores desde que tal e coiso. Uma marcilite, portanto. Muito no género da questão do aborto e do sketch do Gato Fedorento.
Como não fumadora, até ao dia 31 de Dezembro convivia pacatamente com o tabaco. Onde trabalho os poucos fumadores já haviam sido escorraçados para a escadas por algum histérico anti-tabaco, nunca dei pelo tabaco na maioria dos locais públicos, fossem eles hospitais, repartições, transportes públicos, etc, locais onde já era proibido fumar, nos restaurantes o tabaco era-me indiferente e mesmos nos bares e algumas discotecas o ar era suportável porque, como eu, outros não fumadores lá estariam a tornar o ar respirável. Garantiamos uma espécie de fotossíntese do ar.
Pessoalmente, no pós 31 de Dezembro de 2007, e porque a proibição é nova sobretudo para os locais de lazer, vejo-me com as escolhas de restaurantes limitadas quando acompanhada por fumadores e com os bares e discotecas da minha eleição a terem optado pelo cigarro no dedo, expondo-me, em qualquer das situações, a 3 vezes mais fumo que antigamente (já que os fumadores que antigamente se dispersavam são agora obrigados a ir todos para os mesmos sítios).
Além de satisfazer vendedores do misterioso e ainda não identificado sistema de extracção de ar, de dar que fazer a policias que alegremente, ou não, elaborarão autos aos prevaricadores, quando deviam estar, por exemplo, a vigiar os prédios desta cidade cada vez mais grafitados, de criar uma oportunidade de mercado para quem quer que seja que vá tratar da medição da qualidade do ar, não estou a ver como esta lei tenha vindo beneficiar o cidadão comum. Seja ele fumador ou não. É o que eu digo. Boa bosta…