segunda-feira, dezembro 31, 2007

Feliz 2008!


Humberto Borges ©

Olhamos para trás, para há um ano, para a lista de coisas a fazer em 2007 e chegamos à conclusão que pouco conseguimos concretizar. Ou talvez não. Felizmente o ânimo e a teimosia não nos abandona e passado um ano aqui estamos perante mais 12 meses de perfeito desconhecido, a que alguém convencionou chamar ano, e muitos dos mesmos desejos ou das coisas a fazer enchem a lista para este 2008. Conjuntamente com algumas novidades. Com esta mania que temos de ansiar pelo futuro e de desejar o que ainda não temos, convém lembrar que sobrevivemos a mais um ano. Melhor ou pior mas na certeza que aqui estamos e que podemos olhar para a frente com a mesma ânsia. E sobretudo com o conforto que este ano que passa, mais todas as suas memórias, as boas e as más, já ninguém nos tira. Estamos por isso de parabéns. Um óptimo e luminoso novo ano para todos!

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Ai eu, ai...

http://www.intimissimi.it/hearttango/filmEng/film_res_med.asp

Esta gaija é definitivamente podre de boa. Tão boa, tão boa que até eu dormia com ela. E Lisboa fica-lhe tão bem...

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Encantador



Sem dúvida alguma o melhor filme da época natalícia. Sem pais natais nem duendes ou gnomos mas, e correndo o risco de soar à Susana Tamaro, a encantar-nos com o verdadeiro espírito do amor, a fazer-nos acreditar de novo em contos de fadas e no happy ever after. Ide, ver, ide ver e enchei os corações de amor. Hic...

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Feliz Natal!



Venham as filhóses, as rabanadas e os sonhos, de mãos dadas com o bolo-rei e o bolo dourado. O bacalhau, o perú, o cabrito ou o polvo. Cheguem os frutos secos em geral e os figos com noz em particular, comidos às mãos cheias como as frutas passas ou cristalizadas, mais os bombons e os chocolates. Abram alas para os 10 cm a mais na anca e as horas de ginásio de um ano inteiro deitadas pelo ralo abaixo. Não faz mal, pró ano há mais e o novo ano está quase aí! Recebam com o mesmo contentamento a prenda que sempre desejaram e aquelas que parecem saídas das rifas de aldeia e que vos fazem desejar embrulhá-las logo de seguida para darem no próximo ano a alguém de quem não gostem. Ouçam com esperança as mensagens de Natal do nosso Presidente da República e do nosso Primeiro a desejarem-nos uma santa quadra, e deixem-se convencer que pró ano é que a crise acaba, lembrando-se da sorte que têm daqui viverem e não no Darfur. Dêem graças por terem amigos, mesmo aqueles que só vos contactam nesta altura do ano com um sms igual ao do ano anterior ou que vos telefonam pela primeira vez passado um ano a disserem: epá nunca mais nos vimos. A ver se pró ano combinamos aí qualquer coisinha! Dêem as mesmas graças por terem uma família que gosta de vocês e vos quer bem, mesmo que muitas vezes o amor pareça ausente e os conflitos imperem. E dêem duplas graças por terem ao vosso lado alguém que vos ama só por aquilo que são, virtudes e defeitos incluídos, e que vos trata bem. Façam tudo isto e façam-me ainda o favor de ter um excelente Natal. Deixo-vos com o cartão mais original que recebi este ano: alguém, de frasquinho de Christmas Spirit e seringa em punho, diz-nos I have the formula, the tools, to reach your heart.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Europe's west coast?



Confesso que andei aqui a digerir a coisa, a ver qual a opinião que tinha sobre o assunto, se gostava ou não. Não gosto. A ideia de uma Costa Oeste da Europa parece-me boa. A ideia de convidar um fotografo internacional (?) e associá-lo à imagem de uma pais também. Mas utilizar a imagem de meia dúzia de portugueses, talentos nacionais com expressão internacional, para promover o pais… Quando alguns dessa meia dúzia são sobejamente conhecidos, sim, mas pouco mostram do que é Portugal (caso do Mourinho e do Ronaldo, demasiado colados ao mundo do futebol e à sua própria imagem para vender a do pais donde são). A mim, que percebo pouco destas coisas, parecia-me mais vantajoso que a campanha tivesse servido para promover os nossos produtos em vez dos nossos humanos. Sei lá, uma garrafa de bom tinto do douro com o vale do dito por trás, uma bela garrafa de azeite gourmet mais as planícies alentejanas, o belo do peixe e as praias e o atlântico, a cortiça, o calçado, o artesanato, etc… Ok. Podem dizer-me que tudo isto é já muito batido e que havia que inovar. Mas se assim é, dou-me conta que sou uma perfeita de uma anormal. É que, viajada como sou, nunca me ocorreu ir a um pais qualquer porque têm um designer xpto ou uma cantora lírica famosíssima ou um atleta de salto em altura, campeão mundial… É que ‘tou mesmo a ver-me, em plena Praça Vermelha, por exemplo, a perguntar aos transeuntes Olhe, o senhor desculpe, mas pode dizer-me onde poderei encontrar os atletas medalha de ouro da comitiva russa dos últimos jogos olímpicos?…

terça-feira, dezembro 11, 2007

Everything ends...


Humberto Borges ©
Once there was a house
Built with the love of a man of great will.
It was a house at the top of a hill
Surrounded by blue and green.
Those who would see it would exclaim
Oh what a beautiful house you are, you are
Oh what a beautiful house you are.
For the house enclosed great joy and tenderness
Symbol of a life of struggle.
A joy that made the house so radiant that
Those who would see it would say
Oh what a beautiful house you are, you are
Oh what a beautiful house you are.
Years went by
and the house gave happiness to many
And sadness to few.
It was a house at the top of a hill
Surrounded by trees of precious pomegranates.
Those who would see it would chant
Oh what a beautiful house you are, you are
Oh what a beautiful house you are.
But days would come
Where joy would end
And so it was
The house was sold.
Now, if you listen carefully, you
might as well hear this girl
Whispering within her nightmares
Oh what a beautiful house it was, it was
Oh what a beautiful house it was…

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Sinais que estou a ficar cota...



Num after-show concert dos imberbes Nouvelle Vague, em versão acústica, a maioria da audiência tem pouco mais que metade da minha idade, entoam as canções como se as músicas dos NG fossem originais e dois rapazes mais informados discutem ao meu lado, quando se iniciam os acordes do Love will tear us apart: Epá, isto é dos Cure! Não é nada! É Joy Division! Não! É Cure. Este baixo, tum, tum, tum, é Cure!...

terça-feira, novembro 27, 2007

Pois...



Could fulfillment ever be felt as deeply as loss? Romantically she decided that love must surely reside in the gap between desire and fulfillment, in the lack, not the contentment. Love was the ache, the anticipation, the retreat, everything around it but the emotion itself.

sexta-feira, novembro 23, 2007

Gaijos que não me importava de ter a passearem-se cá por casa


Clive Owen

Já se passeou por aqui, em tempos. Mas não resisti a repetir a dose. Até porque desde que fui ver o Elizabeth que o homem não me sai da cabeça mais aquele jeito de pirata salvador de donzelas solitárias...

quinta-feira, novembro 22, 2007


Humberto Borges ©

Durante anos não percebi como os meus amigos podiam apaixonar-se e de repente desaparecer da luz do dia e dos convívios que sempre nos uniram. Achava estranho que numa fase adulta e consciente, em que temos amizades mais que consolidadas, aquelas personagens inundadas de paixão pura simplesmente desaparecessem da face da terra, desejando ardentemente estar 24 h sobre 24 h com o leimotiv da paixão que viviam. A cabra racional que há em mim sempre viu isto como um disparate e nada saudável, a longo prazo, para a relação que se iniciava. Fazia-me espécie que vivências anteriores fossem abandonadas como se nunca tivessem sido as desejadas nem sequer importantes, sendo vividas apenas como mal menor, na falta de melhor.
Da mesma forma, deixava-me algo perplexa que estes meus amigos jovens apaixonados vissem de repente as suas várias necessidades supridas por uma única pessoa: o agent provocateur de toda aquela paixão, não sentindo vontade de estar fosse com quem mais fosse. Aos poucos fui aliás compreendendo que esta é uma atitude main stream e que, a maioria das pessoas, quando apaixonada, é assim que se comporta. Tão main stream que agora, ao ver-me na posição inversa, acabam por me tratar da mesma forma. Ou seja, por me encontrar num estado de idílico enamoramento, os demais acreditam piamente que fui igualmente submetida a uma lobotomia, que me deixou sem qualquer vontade própria, que me suprimiu igualmente todas as características e faculdades anteriores, tendo tudo o mais deixado de ter importância incluindo os convívios entre amigos. Supostamente, estes deixaram de me fazer falta, porque Helás! todas as minhas necessidades se encontram finalmente satisfeitas por um todos em um. Isto tudo assumido como dado adquirido e não questionável porque de mim, ser cheio de borboletas esvoaçantes no estômago, não é esperado qualquer outro tipo de comportamento. Mesmo que tal comportamento nada tenha a ver com aquilo que eu sou e que não seja o desejado por mim. Concluo agora que provavelmente aqueles que durante anos me deixaram perplexa com o seu afastamento não foram se calhar mais que vítimas de uma certa forma de exclusão (quiçá por a sua própria felicidade nos ser insuportável, e dai serem vistos e tratados como traidores, de quem se passou para o outro lado, meaning, para o lado dos felizes), que os levou, obviamente, a afastarem-se.
As relações humanas têm sem dúvida muito de curioso e, como um dia me dizia alguém que estimo muito, os nossos amigos dizem-nos sempre que nos querem o mais feliz possível. Até ao dia em que realmente vivemos algo feliz e ai perceberem que afinal não nos queriam tão felizes quanto isso… Talvez o estado de enamoramento sirva para isso mesmo também. Para nivelar amizades e para vermos quem, entre mortos e feridos, fica genuinamente feliz por nós e se mantém ao nosso lado igual ao que sempre foi. Mesmo que a nossa disponibilidade seja, por força das circunstâncias, menor. Afinal de contas, aí, quando a nossa disponibilidade diminui, é que a porca torce o rabo e tudo pia mais fininho... Porque, como diria a minha cunhada preferida, gostarem de nós quando somos simpáticos e disponíveis não é difícil.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Pois...


Teu corpo principia

Dou-te um nome de água
para que cresças no silêncio.
Invento a alegria
da terra que habito
porque nela moro.
Invento do meu nada
esta pergunta.
(Nesta hora, aqui.)
Descubro esse contrário
que em si mesmo se abre:
ou alegria ou morte.
Silêncio e sol – verdade,
respiração apenas.
Amor, eu sei que vives
num breve país.
Os olhos imagino
e o beijo na cintura,
ó tão delgada.
Se é milagre existires,
teus pés nas minhas palmas.
O maravilha, existo
no mundo dos teus olhos.
O vida perfumada
cantando devagar.
Enleio-me na clara
dança do teu andar.
Por uma água tão pura
vale a pena viver.
Um teu joelho diz-me
a indizível paz.

António Ramos Rosa

terça-feira, novembro 20, 2007

Whatí?!?



Sempre me senti desconfortável nesta situação de não ter um rótulo que honesta e inequivocamente classifique o meu estado civil nesta sociedade. Não sou casada nem nunca fui logo, por exclusão de partes, não sou divorciada e também não sou viúva e até mesmo a união de facto nunca se deu bem comigo. Além disso, o estatuto de solteira que envergo no BI foge um bocado à ideia geral de solteira (aquela que eventualmente adquirirá um dos demais estatutos enunciados ou, pelo menos, assim gostaria). Viver assim, num padrão de vivência inclassificável e esquivo à regra vigente na sociedade, sempre foi coisa que me atormentou e tirou horas de sono. Soube agora (pelo vistos tarde porque a designação já existe há muito tempo) que existe um novo estatuto: os Dinky - Double Income, No Kids Yet, cognome que encaixa confortavelmente aqueles que vivem juntos, optaram por não casar e não têm filhos, que têm estilos de vida ditos caros, viajando, jantando mais vezes fora, em bons restaurantes, do que em casa, consumindo espectáculos, cinema, livros e cds acima da média e etc mais toda a palhaçada que já conhecemos. Porque, segundo um artigo da revista Sábado de há umas semanas, este novo estilo de vida, que é praticamente o meu (tirando a parte da vivência conjunta e dos restaurantes caros), poderá representar 25% da sociedade portuguesa em 2010, senti-me genuinamente mais enquadrada. Eu própria podia passar a auto intitular-me como uma OINKY - One Income, No Kids Yet. Mas, tendo em conta que a parte dos Kids não se me afigura como provável, vejo-me perpetuada na figura de uma OINK - One Income, No Kids. OINK?! OINK, OINK como os porcos? Mal por mal prefiro voltar a ser uma sem rótulo...

segunda-feira, outubro 29, 2007

Dazed and confused


Humberto Borges ©

Muito se fala deste país, como ele está e onde irá parar. O pessimismo dos portugueses, crónico ou não, é reinante, não ajuda o pais a sair da cepa torta e soubemos este Verão que os nórdicos, apesar do tempo de trampa que têm e dos impostos altíssimos que pagam, conseguem ter índices de felicidade superiores aos nossos pela confiança que têm nos seus governantes. Cá não é assim, já todos sabemos. Mas se quiserem ficar ainda mais pessimistas quanto ao futuro deste país, dêem uma saltada aos locais da noite onde habitam os teenagers desta nação e vejam a pouca confiança que os mesmos vos são capazes de inspirar. Basta por exemplo ir ali à zona de Santos. Nem estou a falar da Expo ou das Docas, que todos sabemos serem das piores zonas, há muitos anos. Para quem tem adolescentes na família, é um autêntico filme de terror, em franca concorrência com o MoteLx, só vos digo, capaz de nos mandar para casa com uma depressão, a sobreviver à custa de muito dialzepam. E digo isto porque estes teenagers têm 13, 14, 15 e 16 anos. Além das indumentárias que nos fazem supor que estamos constantemente numa noite de verão, com 35ºC às 3 da matina, seja ele em Agosto ou em Dezembro, a profusão de Caralho e Foda-se vinda de bocas onde o álcool enrola a língua é de tal ordem que nos fazem acreditar que os moços e as moças não terão qualquer outro tipo de vocabulário no léxico. Eles, histéricos, sem saberem se hão-de dar mais uma passa no cigarro e emborcar o 25º shot até ao coma alcoólico ou deixarem-se cair para cima de uma das amigas e afundar o focinho no decote. Elas, histéricas também, sem saberem se hão-de puxar o top mais para baixo e a saia mais para cima ou pedir o décimo vodka com rebull, enquanto fazem olhinhos ao bartender. Seguramente que este meu discurso revela a proximidade dos quarenta mas garanto-vos que estes teenagers, seja pela forma como se apresentam seja pelo ar sabidão que exalam, parecem muito mais velhos que eu. Tanto que depois de uma noite inteira a vê-los só me apetecia meter o rabinho entre as pernas mais a minha experiência de vida e vir para casa brincar com o Lego…

sábado, outubro 27, 2007

Pois...


Humberto Borges ©

Life is a sexually transmitted disease and the mortality rate is one hundred percent.

R. D. Laing

quinta-feira, outubro 25, 2007

O bem que este homem escreve...



"Este final de Setembro, o mês dos meus anos, tem-me custado. Perguntas sobre perguntas acerca de mim mesmo e a angústia do sentido da vida e da forma como me relaciono com ela. O que posso fazer? Há um livro a sair agora, trabalho noutro: e depois? Que significa isso para mim? Os meus defeitos aparece-me de forma muito clara e dolorosa. Não só os meus defeitos: as minhas insuficiências, os meus erros. Sempre imaginei que um livro resgatava tudo: não resgata. E no entanto continuo a escrever, como se esse acto contivesse em si a minha salvação. Sei bem que chegará um tempo em que apenas os livros hão-de contar porque eu, enquanto pessoa, não tenho importância alguma, às vezes nem para mim mesmo. Vou-me olhando de forma cada vez mais distanciada e sem indulgência. A impressão, melhor: a certeza de ter falhado. O quê? Não estou deprimido, não me sobra tempo para depressões, sou apenas um homem, diante do seu espelho interior, que não gosta do que vê. O que poderia ter feito? O que deveria ter feito? Esta permanente tortura que a gente disfarça. A ideia recorrente que aquilo, quer dizer que a única coisa que a vida nos dá é um certo conhecimento dela que chega tarde demais, sempre tarde demais. (...)"

António Lobo Antunes
in Visão, 18 de Outubro 2007

quarta-feira, outubro 24, 2007

Pilobolus


Ou como o corpo humano pode parecer tão leve.

segunda-feira, outubro 22, 2007



Este é o Durian. Bonito, não é? É um fruto exótico, digamos assim, especialidade muito apreciada pelos malaios e que, dizem, tem um tremendo poder afrodisíaco. Até acredito que sim. Para quem o conseguir comer! Já que o cheiro é perfeitamente nauseabundo, tirando-nos a vontade de comer seja o que for quanto mais o propriamente dito. Como dizia um chinês na barraquinha à beira da estrada onde dois turistas ocidentais se entretinham a provar esta delicatessen, It's like eating ice cream in the toilet! E é mesmo!

domingo, outubro 21, 2007

sábado, outubro 20, 2007

As terras altas



E eis que a pouco mais de 200 km de KL, encontramos as terras altas malaias. Aqui a temperatura desce agradavelmente, a cadencia diária é bem mais suave, as plantações de chá são a perder de vista, as gentes entretêm-se a cultivar morangos e flores e a criar borboletas e outros bichinhos, a floresta é suficientemente traiçoeira para mesmo os mais afoitos não se aventurarem por alguns caminhos (há inclusive a estória do trekker Jim Thompson, um americano abastado, fundador da industria tailandesa de seda, que vivia numa sumptuosa casa em Bangkok, que em 1967 veio aqui de férias, meteu-se floresta dentro e nunca mais apareceu), as casas parecem pequenas cottages do country side inglês e, imagine-se, é possível aquecer-se o corpo, e não só, com chá e scones, doce de morango, manteiga e natas incluídas!

quarta-feira, outubro 17, 2007

Irra!


A Bolota ©

Subir o lamacento Sungai Tembeling num barquito destes durante 3 horas para desembocarmos em Taman Negara, a mais antiga rain forest do mundo (130 milhões de anos)? Não será para todos, não...

domingo, outubro 14, 2007

Portugis?


A Bolota ©

Chegamos a Malaca e negociamos um táxi ate Medan Portugis por 20 ringitts. Ja dentro do táxi, o motorista pergunta-nos porque chegamos a Malaca e queremos logo ir a Medan Portugis, no esquecido bairro português. Respondemos que somos portugueses. Fica logo ali feita grande amizade pois o taxista e ele mesmo descendente de portugueses, Francisco de seu nome e a mãezinha, de 98 anos, ate se chama Rosário Matilde Teixeira. Da ali duas palavrinhas em cristão (dialecto falado pelos descendentes de portugueses em Malaca, mistura de português arcaico e gramática malaia, o qual conseguimos perceber perfeitamente embora não nos soe a nada de nada) e diz-nos que nos leva a casa dele onde o irmão fala muito melhor que ele e sabe mais umas coisas desta estória dos portugueses em Malaca. Depois do Medan Portugis (Largo Português na tradução a letra), algo desolador e abandonado, presidido pelo Hotel Lisbon e pelo Restoran de Lisbon (onde, diz-nos o Francisco, servem uma comida muito portuguesa. Nós gostávamos de acreditar mas quer-nos parecer que ali, se servir algo português, será cozido Nasi Lemak...), somos levados para casa do Francisco onde vive a mãe, não sei quantos irmãos e irmãs, mais não sei quantos sobrinhos, cães e gatos. A casa é miserável mas não falta uma Ultima Ceia a abençoar a sala de refeições e um postal do FCP, que pelos vistos aqui esteve há pouco tempo. João, o irmão de Francisco, explica-nos que comemoram o Natal, Entrudo, Páscoa, São João e São Pedro (estas duas as grandes festas do bairro português, em Junho), que ensinam cristão aos filhos para que a tradição não se perca, que a maioria ganha a vida como pescador, e que para eles os portugueses, quando foram corridos pelos holandeses em 1641, deviam ter levado a população portuguesa consigo em vez de a abandonar ali. Somos servidos de vinho de cor rose, um vinho feito a partir de arroz segundo uma receita tipicamente portuguesa que Rosário Matilde guarda religiosamente e que nos dizem ser igualzinho ao Vinho Verde. Não é mas que sabe a vinho ao inicio, sabe. Despedimo-nos, prometemos escrever e somos deixados por Francisco no seu táxi a cair de podre às portas da Porta de Santiago, um dos poucos resquícios arquitectónicos da presença portuguesa por estas bandas. E de facto, perguntamo-nos, porque raio, quando os holandeses nos varreram daqui para fora, não levamos os antepassados desta gente connosco em vez de os deixar aqui, onde agora não são carne nem peixe?

quarta-feira, outubro 10, 2007

Selamat datang!


A Bolota ©

35 Graus a colarem-se ao corpo e a pedir-nos um duche a cada 5 minutos. Muçulmanos, hindus, xiitas, taoistas e budistas a conviverem em cada quarteirão e a não nos deixarem descobrir o que é afinal ser-se malaio. A chuva pontual das 4 da tarde, a lembrar-nos que estamos nos trópicos. O fim do fastio as sete da tarde e o jantar que se prolonga noite fora. As varandas engalanadas com a bandeira nacional, comemorando os 50 anos enquanto nação. A tranquilidade dos Lake Gardens para nos esquecermos da cidade. As massagens de 90 minutos e a pouco menos de 10 €, para nos pôr o corpinho preparado para continuarmos a calcorrear a cidade a pé. O trânsito caótico a fazer-nos temer pela nossa vida. A comida feita e vendida na rua. Que comida, não se percebe muito bem mas também não interessa. É boa e barata! A cidade que não dorme. A arquitectura moderna das Petronas Towers, símbolo do ouro negro, a contratar com os edifícios decadentes de China Town e Little India. O Sultan Abdul Samad Building iluminado como se já estivéssemos nos Natal. Mas não. E só o Ramadão. O Bukit Nanas, a floresta tropical no meio da cidade. O Suria KLCC, centro comercial por baixo das Petronas onde Gucci, Armani, Prada, Marc Jacobs, Tod’s e outros que tais fazem as delicias dos turistas de Singapura e Japão. O chã gelado e os sumos de frutas que nunca vimos para arrefecer e tornar-nos ainda mais felizes.Bem vindos a Kuala Lumpur, Malásia. A cidade onde a palavra multi-culturalismo foi inventada.

sexta-feira, outubro 05, 2007

Next stop


Hopefully...
See ya!

terça-feira, outubro 02, 2007

Pois...


Humberto Borges ©

(…) Houve coisas que deixaram de ser importantes. E normalmente é quando deixam de ser importantes que vêm ter connosco… (…)

António Lobo Antunes em entrevista à Visão desta semana.
Aqui: http://aeiou.visao.pt/default.asp?CpContentId=334479

segunda-feira, outubro 01, 2007

Outubro !?!


Humberto Borges ©

Faltam 3 meses para este ano acabar. Acreditam?! 3 meses!!

domingo, setembro 30, 2007

sábado, setembro 29, 2007

De Espanha nem bons ventos nem bons...



Por acaso a ideia até é importada do México. O que será o mesmo que dizer que a programação televisiva nacional bateu no fundo quando um dos ex-libris da nova grelha é importação de uma receita mexicana. A par de mais uns tantos concursos que nos têm entrado pela casa dentro nos últimos anos (para quem ligue aquela caixa preta que tem na sala, o que não é o meu caso), Casamento de sonho é mais um reality show, onde a televisão procura sobrepor-se à ordem vigente da sociedade e dizer-nos como as coisas devem ser feitas. Ou será antes mais um caso em que a televisão aproveita o declínio dos valores tradicionais e a crescente sede pelo minuto de fama de cada um, para impor valores mais condicentes com o seu espírito mercantilista?
Em qualquer dos casos, após o primeiro visionamento por mero interesse sociológico, algo definitivamente a não ver. Ter que ver a Júlia Pinheiro em tudo que é muppi desta cidade já é suficientemente confrangedor.

sexta-feira, setembro 28, 2007

Pois...



(...) Se quisermos continuar a encontrar coisas que não funcionam, com certeza que encontraremos muitas. Mas porque não partirmos das coisas que já funcionam? Vaclav Havel disse qualquer coisa como "E se a realidade que desajamos já estivesse aqui e nós estivessemos tão distraidos que não dessemos por ela?"(...)

in Escola de Sonho, entrevista de Helena Marujo à Noticias Magazine de 23 de Setembro, co-autora do livro Educar para o optimismo.

quinta-feira, setembro 27, 2007

Santana Lopes abandona entrevista à SIC Notícias cortada pela chegada de Mourinho O social-democrata Pedro Santana Lopes abandonou ontem uma entrevista que estava a dar à SIC Notícias sobre as eleições do PSD depois da sua intervenção ter sido interrompida por um directo sobre a chegada de José Mourinho a Lisboa. "Eu vim aqui com sacrifício pessoal, e sou interrompido por um treinador de futebol… Acho que o país está doido. Não vou continuar a entrevista, acho que o país tem que aprender", afirmou Santana Lopes, antes de sair dos estúdios.

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1305892

De aplaudir de pé! É pena é que uma atitude destas tenha vindo de quem, quando subiu a primeiro ministro, nos levou à certeza convicta que este pais estava doido.

Em exibição chez nous



Julie Delpy como realizadora, argumentista, actriz e compositora, oferece-nos um filme com uma temática engraçada: não importa o quanto um homem se encontre adaptado a esta nova masculinidade que a sociedade de hoje lhe impõe. Também será insignificante o quão o seu lado feminino se encontre desenvolvido e os estereotipos masculinos estejam esquecidos e enterrados. Porque haverá sempre um tema que despertará os instintos mais primitivos da sua natureza de macho: o passado amoroso da mulher que lhe ocupe o coração naquele momento.

Whatí?!?



Gay football World Cup kicks off
The gay World Cup has kicked off in the Argentine capital, Buenos Aires, showcasing more than 500 footballers from 28 countries.


Desculpem mas esta é hilariante! Acho que o jogo é interrompido uns bons 10 minutos enquanto os jogadores festejam efusivamente a marcação de cada golo e que o arbitro tem grande dificuldade em mantê-los fora dos balneários.... Giro, giro era ver um mundial de râguebi gay, já agora! Por amor a whatever, filhos! Com celebrações destas não há dúvida que é a própria minoria a dizer-nos que não é igual a nós.
Se isto continua assim, dentro em breve teremos o Mundial de Futebol dos troskistas de barba, o Mundial de Andebol dos filhos de emigrantes afro-americanos e o Campeonato Internacional de Golfe de homens com apenas 40 cm de braço. Ele há coisas...

quarta-feira, setembro 26, 2007

Pois...



Nunca são as coisas mais simples que aparecem
quando as esperamos.
O que é mais simples,
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos,
não se encontra no curso previsível da vida.
Porém, se nos distraímos do calendário,
ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras.
Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação dos lábios.


Nuno Júdice

terça-feira, setembro 25, 2007

Este gaijo tem genuina piada!



Venho atrasada, eu sei. Mas os melhores amores são mesmo assim: chegam-nos fora de época. O disco todo é uma delicia. Lembra-nos Robbie Williams, Elton John, Scissor Sisters e até George Michael. Óptimo para um pós verão que nem sequer existiu. Pelo menos deixa-nos a ideia que tivemos um!
Love today, aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=LKDzMyzlGxo

segunda-feira, setembro 24, 2007

Razões para estarmos na cauda da Europa


5 de Maio de 2007 - Uma amiga minha está grávida, a pouco mais de 2 meses de ter o rebento, as amigas decidem fazer-lhe um baby shower, uma importação americana e à qual torço o nariz (sobretudo pq se resolveram juntar para oferecer fraldas, discos para as mamas, resguardos, pensos higiénicos e afins). Decido dar algo diferente. Dirijo-me a uma loja de artigos para bebé no Oeiras Parque, escolho um puff xpto, que dá muito jeito à mãe e ao bebé garantem-me, a cor que pretendo não há, a senhora da loja garante-me que a mercadoria estará disponível dali a duas semanas. Acho razoável. Pago um sinal de 30 €, agradeço e venho-me embora.
21 de Maio de 2007 - Da loja do Oeiras Parque ninguém me ligou. A minha amiga já está a pouco mais de um mês de ter a criança, o baby shower já foi e eu tive que oferecer uma fotografia do puff. Ligo para a loja a saber o que se passa. Dizem-me que a mercadoria ainda não chegou e que quando chegar me avisam. Talvez mais uma semana. Pergunto, educadamente, se uma vez que o prazo de entrega foi alterado não devia ser a loja a contactar comigo para me informar. A empregada responde-me que tenho que falar com a colega, que não está naquele momento, porque a colega é que me atendeu, que cada uma avisa os clientes que atendeu e que ela por ela avisou os dela. Agradeço e desligo.
4 de Junho de 2007 - A loja do Oeiras Parque mantém-se num silêncio sepulcral. A minha amiga está a um mês de ter a criança. Volto a ligar para a loja. Voltam a responder-me que a mercadoria ainda não chegou (isso eu já sabia!) e que quando chegar me avisam. Pergunto se têm um prazo previsto para entrega. Dizem-me que não. Digo que a criança está quase a nascer. Respondem-me que é assim, se quiser esperar espero, senão posso ir lá buscar o sinal. Pergunto se a razão de terem a loja aberta não são os clientes, já que sem clientes a teriam que fechar. Silêncio sepulcral. Agradeço e desligo.
26 de Junho de 2007 - Nunca mais me lembrei da porra do puff! O filho da minha amiga está a uma semana de nascer e do puff, népias. Ligo para a loja. Dizem-me que ainda não chegou nem sabem quando chegará. Faço um espalhafato, digo que vou lá buscar o sinal e que já não quero o puff para nada. A menina garante-me que vai falar para o fornecedor, em Espanha, e que me liga no dia seguinte a fazer o ponto de situação. 2
7 de Junho de 2007 - Ligam-me da loja a dizer que o puff não vem, que posso ir lá buscar o sinal. Agradeço e desligo.
11 de Julho de 2007 - O filho da minha amiga já nasceu e eu ofereci uma espreguiçadeira. Dirijo-me ao Oeiras Parque, à dita loja, para reaver o meu sinal de um puff imaginário e constato que fechou!
12 de Julho de 2007 - Ligo para a administração do Oeiras Parque a pedir o contacto da loja que fechou. Dizem-me que não têm nenhum. Faço um pé de vento. Dão-me música e passado 10 minutos aparece-me a mesma menina com um número de contacto.
12 de Julho de 2007 - Ligo para o numero que me deram. Explico a situação. Confirmam-me que de facto aquela loja fechou, que estou a ligar para a loja de Alvalade mas que não podem fazer nada porque a antiga responsável por aquela loja está de férias. Que ligue a partir de 13 de Agosto.
13 de Agosto de 2007 - Ligo para a loja de Alvalade. Ninguém atende.
14 de Agosto de 2007 - Ligo para a loja de Alvalade. Ninguém atende.
16 de Agosto de 2007 - Ligo para a loja de Alvalade. Ninguém atende.
17 de Agosto de 2007 - Ligo para a loja de Alvalade. Ninguém atende. Vou de ferias.
3 de Setembro de 2007, manhã - Revigorada das férias, ligo para a loja de Alvalade. Atendem. Volto a explicar a situação. Confirmam-me que de facto aquela loja fechou, que estou a ligar para a loja de Alvalade mas que não podem fazer nada porque a antiga responsável por aquela loja está de férias. Digo que não pode ser. Que isso foi o que me disseram no dia 12 de Julho, que ninguém pode estar de férias tanto tempo, que a coisa começa a tomar contornos de roubo e que vou contactar a Deco. Pedem-me o nº de telemóvel e dizem-me que me contactam depois.
3 de Setembro de 2007, fim da tarde - Ligam-me da loja de Alvalade a pedir o nib e garantem-me que me irão transferir o valor do sinal.
5 de Setembro de 2007 - Tenho 30 € creditados na minha conta por uma tal Drª Anabela Antunes, que certamente faz muita questão que a chamem de Drª.
Felizmente, o filho da minha amiga nasceu lindo e perfeitinho e sem precisar de um puff xpto para crescer saudável e feliz! Já um pais diferente talvez lhe desse jeito...

domingo, setembro 23, 2007

Gaijos que não me importava de ter a passearem-se cá por casa


Matthew Fox

E não. Ver a 1º temporada do Lost ininterruptamente não ajuda...

sábado, setembro 22, 2007

Pois...


"And down by the brimming river
I heard a lover sing
Under an arch of the railway:
'Love has no ending.
'I'll love you, dear, I'll love you
Till China and Africa meet,
And the river jumps over the mountain
And the salmon sing in the street,
'I'll love you till the ocean
Is folded and hung up to dry
And the seven stars go squawking
Like geese about the sky.
'The years shall run like rabbits,
For in my arms I hold
The Flower of the Ages,
And the first love of the world."
W. H. Auden

sexta-feira, setembro 21, 2007

O bem que este homem escreve...



"Parece que, da China, só nos vêm problemas e constrangimentos. Parece que querer correr com as 'lojas chinesas' da Baixa e acantoná-las numa "Chinatown" a criar, como defendeu Maria José Nogueira Pinto, é uma proposta racista, xenófoba e discriminatória. Parece, pois, que o que é politicamente correcto é investir uns milhões largos numa operação de revitalização da zona histórica e central de Lisboa, mas sem ferir os interesses dos comerciantes chineses ali instalados, em sã convivência multicultural com a arquitectura pombalina. É fácil, aliás, imaginar como os chineses receberiam de braços abertos uma invasão de tasquinhas e casas de fado portuguesas na Praça Tiananmen... O problema das 'lojas chinesas' não está apenas na concorrência desleal que fazem, trabalhando em famílias organizadas, sem horários nem direitos sociais, e vendendo a metade do preço produtos fabricados na China em regime de 'dumping social', que Jerónimo de Sousa imagina ser a versão actualizada do comunismo. De facto, para o peditório dos pasmados 'comerciantes tradicionais' da Baixa, já demos de mais e sempre em vão. Eles não querem, não sabem e não irão nunca reciclar-se. O problema também não está na nacionalidade dos donos, mas sim nas próprias lojas. O problema é que as 'lojas chinesas' são feias por fora e por dentro, com um aspecto sujo e degradado, e praticando um tipo de comércio de século XIX para cidades feias, sujas e degradadas. Se queremos recuperar e ressuscitar a Baixa, é óbvio que elas estão a mais ali. Se uma cidade não tem o poder de determinar que tipo de estabelecimentos quer e tolera nas suas zonas históricas, porque com isso pode atingir interesses de uma comunidade cuja cultura e hábitos são um enxerto estranho no seu meio, então mais vale dizer que prescindimos de qualquer política de defesa de valores culturais próprios. E, se temos de nos conformar com o 'estilo chinês' do pequeno comércio, então também teremos de aceitar passivamente as tabancas portuguesas com balcões de zinco, luzes de néon, cadeiras de plástico e toldos da 'Olá'."

Miguel Sousa Tavares no Expresso da semana passada. O resto da crónica aqui: http://expresso.clix.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/116692

quinta-feira, setembro 20, 2007

Eh, eh, eh!



Uma universidade à maneira em pleno Madrid, cuja tagline é Es dificil hacer el amor pero se aprende. Pelo menos é o que nos garantem! Os currículos dos cursos leccionados contemplam temas tão interessantes como Iniciación al bondage, Cómo rodar porno doméstico e El arte del strip tease. Segundo consta, as aulas são todas dadas de forma séria, escorreita e compenetrada, como se estivessem a ensinar a... sei lá! Montar a cavalo?!
Mais aqui:
http://www.universidad-delsexo.com/inicio.html

quarta-feira, setembro 19, 2007

Parabéns!



É. Havia um leãozinho perdido na selva. Era um leãozinho como nunca tinha havido outro na selva. Dócil e pachorrento, sem ambições de ser rei da selva. Isso era para os outros! Tinha o pêlo sedoso, da cor do sol. Olhos grandes, escuros e pestanudos. Por onde passasse aquecia fosse quem fosse com a sua simpatia. Na selva havia também uma borboleta dourada. A borboleta era alegre e dava-se com todos os bichos da selva. Mas faltava-lhe qualquer coisa. Ninguém sabia bem o que era. Apesar da borboleta ser feliz por natureza, todos os bichos da selva insistiam que lhe faltava qualquer coisa e que, se não a encontrasse quanto antes, caber-lhe-ia destino idêntico ao de todas as borboletas. Mas por mais que a borboleta perguntasse, ninguém lhe sabia responder o que era. Assustada, a borboleta já tinha percorrido meia selva à procura do que lhe faltava. Consultou magos, feiticeiros, duendes, fadas e gnomos. Uma vez subiu alto, alto, alto até uma nuvem para perguntar a um anjo de asas também douradas se sabia o que lhe faltava. Mas voltou à selva de asas murchas e queimadas pelo sol, desconsolada sem nada trazer em troca. Um dia, no meio dos seus afazeres (sim, porque esta borboleta tinha muitos afazeres!), junto a um pequeno riacho, a borboleta encontrou o leão de pelo sedoso e pestanudo, dengoso e descansado a beberricar água fresca. A borboleta meteu-se com ele e perguntou-lhe se a água estava boa. Ao princípio, o leão, no meio da sua pacholice, não entendeu o que a borboleta lhe perguntava mas depois respondeu-lhe docemente que melhor água que aquela não havia, enquanto a borboleta esvoaçava selva fora a rir-se. Se a borboleta se sentiu aquecida pelo calor imediato que o leão lhe transmitiu, não é menos certo que o leão tenha ficado meio zonzo com o brilho daquelas asas douradas tão alegres. Sentiu como se o seu coração tivesse sido pintalgado de dourado. A partir daquele dia, ambos fizeram tudo por tudo para se poderem encontrar mais vezes. Os outros animais da selva, ao olharem para eles assim feitos parvos aos risinhos, diziam-lhes para terem cuidado, onde é que já se tinha visto um leão a dar-se com uma borboleta e vice-versa? De nada serviu, porque ambos sentiam-se tão bem e felizes na companhia um do outro que o inevitável aconteceu e apaixonaram-se. Apaixonaram-se e muito! Tanto, tanto que se forem à selva podem encontrar um leão pachorrento de pêlo dourado a aquecer uma borboleta dourada, feliz por finalmente ter encontrado o que lhe faltava e a cantarolar baixinho “Gosto de ficar no sol, Leãozinho, de estar perto de você”

segunda-feira, setembro 17, 2007

Mighty flop?



Já estreou. Não tenciono ver. Era o que mais faltava, com tanta coisa para ver e sem conseguir! Mas merece-me o seguinte comentário: a Angelina Jolie até pode estar bastante parecida com a Marianne Peral, mulher do jornalista assassinado por extremistas paquistaneses em 2002. Mas o mal destas produções de Hollywood que servem de veículo a uma grande interpretação de uma qualquer mega star, com uma nítida piscadela de olho aos Óscares, é que acabam por ser um tiro no pé por isso mesmo: ao ver o filme, por muito bom que seja e até louvável por contar uma estória que merece ser contada, nunca conseguimos abstrair-nos do facto que aquilo é a Angelina Jolie e de nos questionarmos porque raio a rapariga está de carapinha posta.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Ontem e hoje, na Piscina do Estádio Nacional



"A Culturgest apresenta, ao vivo e pela primeira vez em Portugal, a recriação de Waterproff, uma peça criada nos anos 80 pela companhia francesa Astrakan e que correu mundo na versão filmada. A propósito dos 20 anos desta produção, Daniel Larrieu, coreógrafo e criador do conceito, contactou os intérpretes da versão original e convidou outros bailarinos para participarem no projecto. O resultado é uma peça de sonoridades guerreiras, de luta e de combate, em meio aquático."

Aquilo que parecia ser uma ideia engraçada e original, na prática não resultou. A prova que as boas ideias por si só não chegam para fazer um bom espectáculo.

quinta-feira, setembro 13, 2007

At last!



Finalmente, esta cidade terá direito a uma Time Out só para si. Uma revista-guia com tudo o que aqui se passa e que vale a pena ver. Todas as quarta feiras, a partir de 26 de Setembro, a 2 €, no quiosque mais próximo.

quarta-feira, setembro 12, 2007

Vem cá



Ou melhor, já cá está. Ainda pensei ir vê-lo. O budismo, ao não conferir nenhum poder especial de criação, salvação ou julgamento a uma entidade que nos seja superior, não compartilhando de uma noção de deus comum à maioria das religiões, sempre atraiu esta ateia dos sete costados. Mas entre os Ensinamentos Públicos, de 13 a 15, no Anfiteatro da Faculdade de Medicina Dentária em Lisboa, a 175€, e onde no formulário se podia escolher entre chão ou cadeira, e uma Conferência Pública no pouco próprio Pavilhão Atlântico, no dia 16, com bilhetes entre os 10 e os 25€ (o que só me fez lembrar aquelas reuniões da IURD), optei por deixar a minha introdução ao budismo para outras núpcias, não fosse dar-se o caso desta ateia vir a comprovar que nenhuma religião a convence. Mesmo.

terça-feira, setembro 11, 2007

La palissadas




É verdade, sem dúvida. Mas utilizar 75% do tempo dos noticiários (logo, informação paga) com o casal McCann mais os desenvolvimentos da investigação sobre o desaparecimento/homicídio da piquena Maddie, debates infindáveis com não sei quantos iluminados a dissertarem sobre a pergunta retórica se os pais mataram ou não a filha, imagens da saída do pai da judiciária de Portimão, mais os apupos do povo indignado, ou da chegada da família McCann ao Reino Unido é também informação que não vale a pena. Aqui ou no Reino Unido. Só mesmo a mentes rasteiras, insaciáveis de dramalhão alheio. Já não se pode, irra!
Ah, pois! Esquecia-me que hoje é 11 de Setembro, pelo que teremos tréguas e os ditos 75% serão por conta do 6º aniversário sobre a queda das torres gémeas.
A emissão seguirá dentro de momentos.

segunda-feira, setembro 10, 2007

Muito boa onda! Parte II



Imaginem uma madrugada de Setembro, com calor. Agora imaginem um grupo razoável de trintões a quererem um sítio desafogado para beberem um copo, conversarem e dançarem. Imaginem tudo quanto é buraco em Lisboa a abarrotar e ainda por cima de gente ao engate. Agora imaginem uma discoteca ali ao lado de Santa Apolónia, o piso intermédio a rebentar pelas costuras com teenagers imberbes e barba mal semeada, vindos não sei donde e de todas as nacionalidades, sedentos de música bum-bum. Imaginem o tal grupo de pessoas a entreolhar-se estarrecido como quem pergunta Mas o que é isto?!? Um jardim escola?!? e a escapulir-se escadaria acima para o terraço. Agora imaginem esse mesmo terraço povoado por trintões, a tagarelar calmamente ao fresco, enquanto deitam um olho para aquele rio e para a vista magnifica, um bar com empregados solícitos e uma DJ empenhadíssima em pôr daquela música que gostamos e que nos estava mesmo apetecer dançar: Interpol, Cansei de Ser Sexy, Pulp... Felizmente, ainda há valores seguros nesta cidade.

domingo, setembro 09, 2007

Muito boa onda!



Imaginem um dos mais bonitos jardins de Lisboa. Agora imaginem esse mesmo jardim cheio de gente. Imaginem agora essa mesma gente estendida pelos relvados por cima de puffs ou de mantas, à sombra de guarda sois ou não, num estado absolutamente blazé enquanto uma banda toca jazz no coreto e uma tenda das tisanas Pleno distribui bebidas à borla, para gáudio dos miudos e não só. Tudo tão cool e descontraído que por momentos pensamos que não estamos num jardim lisboeta, mas num desses do norte da Europa ou mesmo Nova Iorque, onde as pessoas aproveitam os relvados para descansar e conviver. Não. É mesmo em Lisboa. No Jardim da Estrela. Todos os Domingos, até ao fim deste mês. Programa aqui: http://www.plenooutjazz.com/programa.php

sábado, setembro 08, 2007

Verdades absolutas


Humberto Borges ©

Não importa quanto já tenhamos dado, as pessoas hão-de sempre exigir-nos mais. E fazem-no precisamente porque as habituámos a tal.

sexta-feira, setembro 07, 2007

Pois...



(...) E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

Alberto Caeiro

quinta-feira, setembro 06, 2007

Reentré?


Humberto Borges ©

Eu bem sei que o equinócio de Outono é só lá mais para meados deste mês. Também é verdade que este mês de Setembro parece vir cheio de fôlego e de vontade de nos dar o Verão que não tivemos. Mas por muito que nos tentemos iludir, a verdade é que o Verão de 2007 está por um fio. A prová-lo temos a sociedade de consumo a gritar-nos aos ouvidos que é tempo de arrumar bikinis e havaianas e preparar-nos para o novo ano, com tudo quanto é mupi e anúncio de revista a lembrar-nos o regresso à escola já na próxima semana, com as agências de viagens a oferecerem-nos aquele destino por metade do preço e com as montras das lojas vestidas a rigor, a mostrarem-nos as novas tendências Outono-Inverno (quando o que mais nos apetecia era fazer umas comprinhas de fim de estação), enquanto começam já a tirar o pó aos enfeites de Natal.
Também cheia de fôlego (ou não, porque certezas na vida só mesmo as incertezas) a Bolota veste-se de indumentárias novas, mais Outonais, e prepara-se para o fim oficial da mais silly season dos últimos tempos. Espero que gostem!

terça-feira, setembro 04, 2007


Humberto Borges ©

Por circunstâncias diversas da vida pessoal, soube nos últimos dias que o funeral de um familiar pode custar 3000€ e que um divórcio, amigável, ronda os 260€. Proximidade de valores à parte, não deixa de ser irónico que saia mais barato "enterrar" o ex-cônjuge do que enterrar alguém querido. Mesmo que se tenha muita vontade de se mandar o ex-cônjuge pró outro mundo!

segunda-feira, setembro 03, 2007

Como os outros nos vêem


Humberto Borges ©

"This "glorious" history has also led to the peculiar national characteristic of saudade: a slightly resigned, nostalgic air, and a feeling that the past will always overshadow the possibilities of the future. The years of isolation under the dictator Salazar, which yielded to democracy after the 1974 Revolution, reinforced such emotions, as the ruling elite spurned influences from the rest of Europe. Only in the last three decades, with Portugal's para into the European Union, have things really begun to change and the Portuguese are becoming increasingly geared toward Lisbon and the cities. For those who have stayed in the countryside, however, life remains traditional – disarmingly so to outsiders – and social mores seem fixed in the past. Women still wear black if their husbands are absent, as many are, working in France, or Germany, or at sea."

in The Rough Guide Portugal, Abril 2007