quarta-feira, setembro 19, 2007

Parabéns!



É. Havia um leãozinho perdido na selva. Era um leãozinho como nunca tinha havido outro na selva. Dócil e pachorrento, sem ambições de ser rei da selva. Isso era para os outros! Tinha o pêlo sedoso, da cor do sol. Olhos grandes, escuros e pestanudos. Por onde passasse aquecia fosse quem fosse com a sua simpatia. Na selva havia também uma borboleta dourada. A borboleta era alegre e dava-se com todos os bichos da selva. Mas faltava-lhe qualquer coisa. Ninguém sabia bem o que era. Apesar da borboleta ser feliz por natureza, todos os bichos da selva insistiam que lhe faltava qualquer coisa e que, se não a encontrasse quanto antes, caber-lhe-ia destino idêntico ao de todas as borboletas. Mas por mais que a borboleta perguntasse, ninguém lhe sabia responder o que era. Assustada, a borboleta já tinha percorrido meia selva à procura do que lhe faltava. Consultou magos, feiticeiros, duendes, fadas e gnomos. Uma vez subiu alto, alto, alto até uma nuvem para perguntar a um anjo de asas também douradas se sabia o que lhe faltava. Mas voltou à selva de asas murchas e queimadas pelo sol, desconsolada sem nada trazer em troca. Um dia, no meio dos seus afazeres (sim, porque esta borboleta tinha muitos afazeres!), junto a um pequeno riacho, a borboleta encontrou o leão de pelo sedoso e pestanudo, dengoso e descansado a beberricar água fresca. A borboleta meteu-se com ele e perguntou-lhe se a água estava boa. Ao princípio, o leão, no meio da sua pacholice, não entendeu o que a borboleta lhe perguntava mas depois respondeu-lhe docemente que melhor água que aquela não havia, enquanto a borboleta esvoaçava selva fora a rir-se. Se a borboleta se sentiu aquecida pelo calor imediato que o leão lhe transmitiu, não é menos certo que o leão tenha ficado meio zonzo com o brilho daquelas asas douradas tão alegres. Sentiu como se o seu coração tivesse sido pintalgado de dourado. A partir daquele dia, ambos fizeram tudo por tudo para se poderem encontrar mais vezes. Os outros animais da selva, ao olharem para eles assim feitos parvos aos risinhos, diziam-lhes para terem cuidado, onde é que já se tinha visto um leão a dar-se com uma borboleta e vice-versa? De nada serviu, porque ambos sentiam-se tão bem e felizes na companhia um do outro que o inevitável aconteceu e apaixonaram-se. Apaixonaram-se e muito! Tanto, tanto que se forem à selva podem encontrar um leão pachorrento de pêlo dourado a aquecer uma borboleta dourada, feliz por finalmente ter encontrado o que lhe faltava e a cantarolar baixinho “Gosto de ficar no sol, Leãozinho, de estar perto de você”

3 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns ao Leãozinho e já agora à Borboleta também.

Um beijinho da cunhada!

Anónimo disse...

E o leãozinho desde que viu esta borboleta ficou uma sede que não passa...

O Leãozinho

AnaD disse...

:) adorei o texto ... é assim a blogosfera, no meio de coisa interessantes e outra não tanto, encontram-se pérolas de simplicidade, verdadeiros exemplos do que é a vida. Obrigada :)