domingo, maio 20, 2007

Pois...



Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma … Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas …
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua …, – unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois … – abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada …
Deixa a vida exprimir-se sem disfarce!


Eugénio de Andrade