terça-feira, maio 22, 2007


Quando estive do outro lado do mundo, confesso que me provocou um arrepio na espinha ver que as lojas de souvenirs, com todos os artefactos que pudéssemos trazer para casa para nos lembrar-mos da cultura maori e dos loucos dos kiwis, estavam nas mãos de orientais que nem inglês sabiam falar. Lembro-me de na altura pensar que qualquer cultura que, por meio da imigração descontrolada vê os seus ícones comercializados por gentes de uma cultura tão diversa, tem uma sentença de morte ditada a muito curto prazo. Lembro-me também da confusão que me fez ver em Auckland mais asiáticos que propriamente neo-zelandeses e encontrar uma cidade incaracterística, desprovida de qualquer identidade, whatever that is. Eis senão quando na Sexta passada, ao subir a Calçada do Combro em plena Lisboa, pelas 23 horas passo por uma loja onde dois indianos se encontravam em grande labuta nos últimos retoques daquilo que será uma loja de souvenirs portugueses, onde tratarão de vender todo o símbolo da genuína alma lusa. Desde o bom do Galo de Barcelos à figurinha florescente da Nossa Senhora de Fátima, havia de tudo. Podem chamar-me xenófoba ou qualquer outra coisa que agora se chama aos que não são politicamente correctos para tratar imigrantes de toda a espécie nas palminhas. Mas ou a Europa trata de ter uma politica concertada eficaz e apertada de controle de imigração ou dentro de 100 anos este velho continente passará a novo mundo. Bom, também é certo que este velho continente se construiu com base numa multiculturalidade ancestral. Há alguns anitos atrás, é certo. Quando os primeiros povos para aqui vieram. Mas mesmo assim não deixou de ser uma multiculturalidade. E aquilo que hoje presunçosamente chamamos de identidade europeia mais não é senão fruto dos fluxos migratórios ocorridos ao longo de toda a história europeia. Não deixa aliás de ser curioso que aquilo que se reconhece nos dias de hoje como um simbolo português, o Galo de Barcelos, venha de uma lenda sobre, precisamente, a intolerância ao estrangeiro, ao que vem de fora.

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