quinta-feira, dezembro 07, 2006


Humberto Borges ©

Conheço-te os passos e sei a que cheiras.
Adivinho-te as palavras e quase descubro onde vives.
Sei de cor os contornos da tua face
e a que sabe a tua boca.
Sinto o calor que se desprende de ti quando me vês
e o desejo que não conseguirás saciar.
De ti,
por quem espero há uma vida inteira,
sei tudo.
Mas apesar de te sentir assim tão perto,
não te vejo.
Procuro-te com a ansiedade de uma chegada
há muito anunciada.
Busco por ti por entre caras que não conheço,
que nada me dizem.
E não te encontro.
Encontro-me antes a mim,
numa praia fria e nua onde,
por entre as cavalgadas do mar,
ouvirei a tua voz,
que em tempos me foi prometida.
Quando ao de leve me chegares
e tocares na minha mão trémula
e desencantada.

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