terça-feira, janeiro 23, 2007

Ainda o Amadeo



Foi sem duvida um fenómeno neste pais, onde se diz que ninguém liga à arte. Mais de 100 mil pessoas visitaram a exposição Amadeo Souza-Cardoso Diálogo de Vanguardas na Gulbenkian. Passou-se também com a Colecção Rau no Museu das Janelas Verdes, no Verão passado, que também encheu. Resta perceber porquê. Assim como alguém devia tentar entender porque é que os espectáculos no Coliseu, CCB, Tivoli e etc, etc raramente estão às moscas e esgotam num ápice. Isto, recordo, num pais de brutos, como dizem, onde ninguém tem sensibilidade suficiente para apreciar uma peça de arte, seja qual for a sua forma. Há quem fale de carneirada. De gente que vai porque alguém foi, sem saber sequer muito bem ao que vai. Haverá sem dúvida uma quota-parte que assim é. Mas para lá de 100 mil pessoas parece-me carneirada a mais. Na minha modesta opinião, o povo português encontra-se sedento de arte de qualidade, ao invés das exposições que insistem em nos impingir, de gente que ninguém conhece, com coisas pavorosas penduradas nas paredes e que nenhum legado deixará ao mundo artístico. Uma vez mortos, mais aos seus compinchas que os apadrinham, as suas obras tornar-se-ão facilmente esquecíveis. O povo português está carente de que o tratem como culto, com dois dedos de testa, com capacidade para pensar e apreciar. Está carente que o tratem como gente civilizada. E a arte sempre foi uma forma de valorizar as pessoas.
Já agora, um reparo. Nunca entenderei porque é que os museus estão abertos durante o horário em que estamos a trabalhar. Principalmente cá em Portugal, onde o sol impera. Entendo que, com o bom tempo que temos, é muito mais aliciante qualquer actividade ao ar livre do que metermo-nos num museu escuro e fechado. Um museu aberto à noite (e conforme ficou provado com as bichas que apareceram na Gulbenkian na passada madrugada de dia 15) constitui-se como uma alternativa bastante interessante aos habituais programas nocturnos de jantares, copos, dança, etc. E muito mais construtivo. Não digo sempre mas de vez em quando, claro que sim!

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