quinta-feira, maio 11, 2006

De mal a pior…

Maternidades a fechar sem a mortalidade mais alta
As onze maternidades que o Governo vai fechar por falta de segurança não são aquelas que apresentam os piores resultados na qualidade dos cuidados prestados às grávidas e aos recém-nascidos - nomeadamente nos índices de mortalidade, complicações ou reinternamentos. É o caso de Barcelos, que regista uma mortalidade inferior à do Hospital de São Marcos, em Braga - a unidade para onde vão ser transferidas as grávidas daquela região
quando o bloco de partos encerrar. (...)
Dados que, de alguma forma, contrariam as declarações que o primeiro-ministro, José Sócrates, proferiu ontem no Parlamento, ao justificar o encerramento pela necessidade de "de salvar vidas e diminuir a mortalidade infantil em Portugal".(...)
O ministro da Saúde, Correia de Campos, afirmou ao DN que estes resultados "só vêm provar" a necessidade de concentrar maternidades. "As pequenas unidades têm melhores resultados porque seleccionam a clientela e enviam os casos mais graves para os hospitais centrais. E fazem muito bem, é sinal que os médicos sabem detectar as situações de risco e escoá-las para hospitais com mais meios. É prova de que há uma desnatação de utentes".

Diário de Noticias

Comparar taxas de mortalidade da maternidade de um hospital distrital como o de Barcelos com as de hospitais centrais como o Hospital de São Marcos, em Braga ou o de S. João, no Porto é infame! Os Hospitais Centrais, dotados de recursos técnicos e humanos mais especializados (por isso mesmo, porque são centrais!) funcionam como fim de linha, recebendo os casos mais graves. Grávidas de maior risco e com complicações são, obviamente, reencaminhadas para este tipo de instituições pelos hospitais com menores recursos. Inferir que uma maior taxa de mortalidade esteja associada a uma pior assistência sem ter em atenção o tipo de grávida assistida e as complicações associadas a essa gravidez é grave! Vá lá que o Ministro da Saúde faz um esforço por esclarecer a questão. Pena que este tipo de estudo sai do Ministério com argumentos tão falaciosos, sem ser devidamente esclarecido e venha causar ainda mais ruído numa questão já de si tão barulhenta.

Notícia completa aqui
http://dn.sapo.pt/2006/05/11/tema/maternidades_a_fechar_a_mortalidade_.html

2 comentários:

MBA disse...

Pois, esse é um problema comum. Quem só lê o título não tem acesso à análise que é (ou devia ser) feita no texto do jornal.

Seja como for, eu acho que neste caso o ministro está coberto de razão. Mais: por cada recuo a que se permitir, é um sinal que dá e que enfraquece o Governo. A decisão está tomada, então há que seguir em frente. Caso contrário, as medidas tomadas pelos governos estarão sempre a diluir-se nos interesses particulares.

A Bolota disse...

Nem mais! Aliás, a retirada titubeante desta semana relativamente ao encerramento da maternidade de Lamego só veio mostrar uma enorme falta de cojones…
O argumento de se esperar pela integração do Hospital de Lamego no Centro Hospitalar de Vila Real - Régua para se fechar a maternidade do Hospital de Lamego parece-me bacoco para uma decisão que já há muito se devia ter implementado e uma cedência às tais vontades individualistas e interesses particulares. Enquanto o povo não perceber que o orçamento do estado não chega para satisfazer a seu bel prazer todos os seus desejos e vontades, muitos desejos e vontades realmente necessários desse mesmo povo ficarão por satisfazer...